Mouros contra cristãos: simulação da guerra ou encontro de culturas?
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.2367Palavras-chave:
festa, património, mouros e cristãos, processos de inversãoResumo
O São João de Sobrado, também conhecido por Bugiada e Mouriscada, constitui, simultaneamente, um objeto singular e um evento capaz de dialogar com outras festas similares, dessa forma suscitando diferentes níveis de análise e de debate. Apesar de também em Portugal existirem outras festas evocativas das guerras entre mouros e cristãos, a que se celebra em Sobrado revela singularidades expressivas. À ausência de um texto escrito que suporte a representação, associa-se uma estrutura complexa, onde se fundem vários momentos festivos aparentemente desconexos, que vão desde evocações de tipo carnavalesco a farsas de inspiração medieval. Por outro lado, quando considerada na sua relação com outras festas associadas às guerras entre mouros e cristãos, a Bugiada e Mouriscada estimula a discussão de várias questões, definindo diferentes eixos de análise. O debate acerca da relação entre identidade e diferença é uma dessas questões, permitindo discutir, entre outros aspetos, eventuais processos de ressignificação das leituras da festa, desde logo pela valorização da ideia de encontro de culturas. Também os processos contemporâneos de patrimonialização deste género de eventos podem ser considerados a partir desta festa concreta, pela qual se define um terceiro eixo de análise, exatamente o que resulta do confronto da Bugiada e Mouriscada de Sobrado com outras festas congéneres, quer as que se realizam no nosso país e em Espanha, quer as que migraram para lugares distantes em consequência dos processos coloniais, de evangelização e similares. Procurando explorar algumas destas dimensões, este trabalho não tem a ambição de ser conclusivo ou sequer a de propor uma abordagem sistémica ou integrada, pretendendo apenas constituir-se como um contributo mais no quadro de uma investigação em curso.
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