https://rlec.pt/index.php/rlec/issue/feed Revista Lusófona de Estudos Culturais 2025-11-04T12:29:47+00:00 Revista Lusófona de Estudos Culturais rlec@ics.uminho.pt Open Journal Systems <p>A <em>Revista Lusófona de Estudos Culturais</em> (RLEC)/<em>Lusophone Journal of Cultural Studies</em> (LJCS) é uma revista temática da área dos estudos culturais. Publicada desde 2013 no sistema OJS, esta revista de acesso aberto tem um rigoroso sistema de arbitragem científica e é publicada integralmente em português e em inglês duas vezes por ano (junho e dezembro). De 2013 a 2016 foi publicada pela Universidade do Minho e Aveiro, em conjugação com o Programa Doutoral em Estudos Culturais. Em 2017, passou a ser publicada, exclusivamente, pelo <a href="http://www.cecs.uminho.pt/" target="_blank" rel="noopener">Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade</a>, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O conselho editorial da RLEC integra reputados especialistas dos estudos culturais, de diversos pontos do mundo. </p> https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6527 Literacia Artística Participativa: Uma Proposta Para Pensar a Relação Entre as Pessoas e a Cultura 2025-09-03T14:41:58+00:00 Cátia Cardoso catiacardoso.cultura@gmail.com <p>Depois de o modelo da democratização da cultura ter sido a principal orientação das políticas culturais no Portugal democrático, o modelo da democracia cultural começa a surgir em alguns discursos políticos e documentos, como a Carta do Porto Santo, com a influência do instrumento político designado Plano Nacional das Artes, que é desenvolvido pelos Ministérios da Cultura e da Educação. O presente texto apresenta esses modelos, tendo como enquadramento a teoria de Pierre Bourdieu sobre o campo cultural e a proposta de democracia cultural de João Teixeira Lopes. Trata-se de uma análise qualitativa, que também pondera os dados dos resultados do inquérito às práticas culturais dos portugueses, de 2020. Considerando que, mais do que formar públicos, as políticas públicas devem procurar criar possibilidades de experimentação de diferentes práticas e manifestações artísticas e culturais para toda a população, fazendo jus à ambição de democracia cultural vigente, o texto apresenta a proposta conceitual de “literacia artística participativa” para falar sobre a relação entre as pessoas e a cultura. Assim, é defendido igualmente que a literacia artística participativa pode ser aplicada primeiramente em contexto escolar (recorrendo, por exemplo, às práticas desenvolvidas no âmbito do Plano Nacional das Artes), encontrando-se em linha com os pressupostos da democracia cultural.</p> 2025-07-30T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Cátia Cardoso https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6551 Cinema e Realidade Virtual nas Aulas de Arte Como Meio Para Promover Integração Social e Cultural 2025-09-03T14:41:56+00:00 Karine Joulie Martins karinejoulie@gmail.com Luciano Dantas Bugarin lulsiano@gmail.com Adriana Mabel Fresquet adrianafresquet@gmail.com <p>Este artigo propõe um debate sobre a experiência estética, mediada pela tecnologia, em ações pedagógicas com cinema e realidade virtual nas aulas de arte em escolas públicas brasileiras. Parte-se da problemática em torno da colonialidade, configurando-a como um meio de dominação que perpetua desigualdades sociais e culturais em países periféricos, utilizando-se da visualidade como mecanismo para classificar, hierarquizar e estetizar povos e seus territórios. Museus e cinemas, podem contribuir na recomposição do “direito a olhar” por promoverem contato com expressões de contravisualidade. Porém, uma das consequências da desigualdade estrutural são as dificuldades de acesso a estes espaços devido a problemas de mobilidade urbana e infraestrutura. A educação tem um papel importante em minimizar esses efeitos, promovendo experiências estéticas com as tecnologias de apreciação e produção de imagens. A hipótese central deste texto sugere que práticas pedagógicas envolvendo o cinema e a realidade virtual, pautadas por ações de apreciação e produção de imagens, podem promover a alteridade e expandir percepções subjetivas ao democratizar e capilarizar o acesso à arte. Por meio de um estudo bibliográfico, explora-se implicações ético-estéticas da produção de imagens em ações pedagógicas. As discussões dos resultados indicam que essa experiência estética imersiva permite que os estudantes desenvolvam e qualifiquem seus pontos de vista em busca do seu “direito a olhar”, potencializando uma conexão crítica e inclusiva com a cultura. Conclui-se que tais dispositivos tecnológicos, com a mediação adequada, possibilitam aos estudantes a apropriação de sua cultura e a criação de imagens que refletem suas identidades, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais inclusivo e instaurando habitus que contribui para suspender hierarquias sociais e culturais.</p> 2025-09-03T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Karine Joulie Martins, Luciano Dantas Bugarin, Adriana Mabel Fresquet https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6549 Corpos que Pintam, Espaços que Sentem 2025-09-23T10:49:43+00:00 Marcio Santos Lima desenho.lima@gmail.com Makson Silva Alves maksonau@gmail.com <p>Este artigo investiga as experiências sensoriais e afetivas vivenciadas por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal de Sergipe — campus Lagarto — durante a pintura coletiva de um mural em espaço acadêmico. A partir do referencial teórico de Juhani Pallasmaa, Maurice Merleau-Ponty, Baruch Espinoza e outros autores da fenomenologia e da filosofia da corporeidade, adota-se uma abordagem metodológica qualitativa, e a análise de conteúdo, conforme Laurence Bardin, para observação crítica dos dados coletados. Foram analisados relatos escritos espontaneamente pelos estudantes, que descreveram suas impressões, sensações e reflexões após a atividade prática. O objetivo foi identificar núcleos de sentido relacionados às emoções, sensações corporais e à apropriação simbólica do espaço vivido. Os resultados revelam que a experiência estética promoveu intensas vivências multissensoriais, ressignificação do espaço institucional e fortalecimento de vínculos afetivos e sociais entre os participantes. A escolha das cores, o uso do corpo em movimento e o envolvimento coletivo com a prática pictórica geraram um ambiente de aprendizagem que uniu expressão artística, reflexão teórica, afetividade e desenvolvimento pessoal. Dessa forma, defende-se que a arquitetura deve ser compreendida como campo sensível de experiências vividas e compartilhadas, e que práticas pedagógicas que envolvam a arte e a corporeidade podem contribuir decisivamente para a formação ética, perceptiva, crítica e sensível dos futuros arquitetos.</p> 2025-09-23T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Marcio Santos Lima, Makson Silva Alves https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6567 Ensinar e Aprender com o Barro: Relatos de uma Educadora em Travessia 2025-11-04T12:29:45+00:00 Mariana de Araujo Alves da Silva mariana.araujo.silva@usp.br <p>“Ensinar e Aprender com o Barro” é um ensaio em tom de relato autobiográfico, que percorre a minha trajetória como educadora e ceramista, refletindo sobre processos formativos na cerâmica, observando práticas e saberes de povos tradicionais. Neste texto, propõe-se uma reflexão crítica sobre o acesso à prática cerâmica no Brasil, pensando sobre diferenças entre a prática que desenvolvemos nos centros urbanos e as propostas pelas comunidades que tradicionalmente produzem esta linguagem como forma de sustento e resistência. A fim de tensionar este campo de ensino e aprendizagem, no compartilhamento e na construção coletiva de conhecimento, dialogamos com Paulo Freire, bell hooks, Muniz Sodré, Nego Bispo e outros pensadores, para subverter lógicas coloniais que estruturam tanto o campo da arte quanto o da educação. As artes do fogo, por meio do barro e da produção de cerâmica, podem ser território de confluência, por carregarem as memórias cosmológicas de diversos povos. Os relatos das propostas de aulas, cursos e encontros surgem como faísca compartilhada de orientações metodológicas, com a intenção de instigar e esperançar outros educadores que, assim como eu, buscam caminhos no presente através da observação de saberes e práticas ancestrais. O barro é uma materialidade mítica, coletiva e histórica.</p> 2025-11-04T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Mariana de Araujo Alves da Silva https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6546 Tecidos da Memória: Entrelaçamentos Entre História de Vida, Práticas de Costura e a Aprendizagem Pela Arte 2025-11-04T12:29:47+00:00 Priscila Akimi Hayashi priscilakimih@gmail.com <p>A presente pesquisa investigou os possíveis entrelaçamentos entre a história de vida e o saber de um ofício manual, tendo como horizonte a aprendizagem pela arte. A investigação partiu da convivência com Lígia Hatsuko Hayashi, minha avó paterna, imigrante japonesa que chegou ao Brasil na década de 1930 e trabalhou como costureira ao longo de toda a vida. Por meio de encontros em que costurávamos e conversávamos, Lígia compartilhou comigo suas memórias e me ensinou seu ofício: a costura; ativando um processo de transmissão de saberes que articulou aspectos técnicos, sensíveis e culturais. O estudo adotou como principais metodologias a história oral e a autoetnografia, permitindo uma escuta atenta à memória individual como fonte de conhecimento e reflexão. Foram acolhidos documentos pessoais, registros e objetos biográficos como materiais de análise, compondo uma narrativa que dialoga com a história social da imigração japonesa no Brasil. A pesquisa partiu do pressuposto de que a memória individual é parte constituinte da memória coletiva, e que narrativas não hegemônicas, como a de uma mulher velha, estrangeira e pertencente às camadas populares, podem friccionar discursos históricos dominantes e modos de fazer consagrados pelas artes tradicionais. Assim, a costura, compreendida como um saber-fazer popular e feminino, revelou-se um potente campo de criação, afeto e aprendizagem. A partir da pergunta “como posso aprender a ensinar com minha avó?”, o estudo propõe reflexões sobre a transmissão de saberes em processos formativos não escolares e seus desdobramentos para o campo da Arte-Educação, defendendo a valorização de experiências sensíveis, relacionais e ancoradas nas trajetórias de vida como dispositivos poéticos e pedagógicos.</p> 2025-11-04T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Priscila Akimi Hayashi https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6558 Entrevista com Farid Matuk: Sistemas Alternativos — O Brincar Libertário na Poesia de Farid Matuk 2025-09-11T10:15:27+00:00 Amanda Amaral amanda.amaral@usp.br <p>Em momentos de tensão política, reflexões sobre a história, o passado e como os fatos são — ou não — transmitidos através do tempo, vão se aflorando e criando novos diálogos na atualidade. A literatura enquanto expressão artística nos diz muito sobre as conjunturas de um período histórico, e o que vem sendo percebido como recorrente nos eventos e rodas literárias, em que autores e autoras falam sobre suas produções, é o enfrentamento diante do grande discurso, frente à fala do chamado “inimigo”, este que nos rumos da história, “não tem cessado de vencer” (Benjamin, 1987, p. 225).</p> 2025-09-11T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Amanda Amaral https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6536 “Uma Comunidade sem Educação é uma Comunidade Invisibilizada”: Entrevista com Dago Nível Intelecto 2025-10-06T10:56:53+00:00 Tom Stennett tomstennett2@gmail.com <p>Francisco Mapanda (1989–), mais conhecido por Dago Nível Intelecto, é um estudante, ativista social e intelectual orgânico, no sentido gramsciano (1971), de Luanda, Angola, onde nasceu e cresceu. Inspirado pela Primavera Árabe (2010–2012) que acompanhou de longe, ele e outros jovens ativistas começaram a contestar o regime do presidente José Eduardo dos Santos (1979–2017). Foi nessa primeira fase do seu ativismo (2010–2020), que Dago alcançou audiência devido aos textos críticos ao governo que publicou na sua página de Facebook. O seu ativismo, contudo, valeu-lhe uma pena sumária de oito meses em 2015, por causa da sua intervenção no âmbito da prisão do grupo ativista de leitura 15 mais 2. A prisão de Dago e de outros ativistas sociais chamou a atenção internacional (https://www.frontlinedefenders.org/en/case/case-history-angola-15; https://www.dw.com/en/meet-dago-nivel-an-angolan-who-took-on-the-system/video-60060627; https://www.amnesty.org/en/documents/afr12/5205/2016/es/).<br />Saído da prisão, envolveu-se em vários movimentos sociais, como o Movimento contra o Desemprego e a Associação Mudar Viana (https://www.facebook.com/mudarviana). Em 2020, em plena pandemia, fundou com Arante Kivuvu (1993–) o projeto comunitário Biblioteca 10padronizada, um espaço localizado em um dos bairros periféricos de Luanda, na paragem de autocarros de Robaldina.</p> 2025-10-06T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Tom Stennett