Mediação Artística e Cultural: Que Perfil Profissional?

Autores

  • Cristina Barroso Cruz Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais, Escola Superior de Educação de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal/Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano, Universidade do Algarve, Faro, Portugal/Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-3544-0298
  • Laurence Vohlgemuth Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais, Escola Superior de Educação de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8374-9356

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.4257

Palavras-chave:

mediação artística e cultural, perfil profissional, cidadania, democracia cultural, democratização da cultura

Resumo

A emergência de um novo grupo profissional para responder aos desafios colocados pela mudança do papel e do lugar dos artistas e das artes nas sociedades atuais, bem como da relação entre o(s) público(s) e as diversas manifestações artísticas e culturais, levou-nos a tentar (a) compreender como alguns potenciais empregadores, formadores e graduados veem o papel do mediador artístico e cultural; (b) identificar a(s) definição(ões) que propõe(m) de mediação artística e cultural; e (c) identificar os conhecimentos e competências que consideram necessários para este exercício profissional.

Uma breve revisão da literatura (Arnaud, 2018; Henry, 2014; Lussier, 2015; Mörsch & Holland, 2012) traz contribuições para uma melhor definição do conceito de mediação artística e cultural que concilia as lógicas da democratização da cultura e da democracia cultural, destacando, entre outras coisas, as finalidades que podem ser prosseguidas.

Ancorado num contexto específico da licenciatura em mediação artística e cultural da Escola Superior de Educação de Lisboa, foram realizados grupos de discussão com diplomados, docentes e profissionais cooperantes que enquadram os estagiários desta licenciatura.

Os inquiridos apresentam definições da mediação artística e cultural com dimensões educativa, social, cultural, investigativa, política e económica e um largo conjunto de conhecimentos e competências necessários para uma intervenção nessa área assim como uma multiplicidade de funções exercidas.

Concluímos com a importância de continuar a investigação no sentido de melhor circunscrever um domínio de conhecimento específico e o campo de intervenção como conceptual para a mediação artística e cultural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Cristina Barroso Cruz, Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais, Escola Superior de Educação de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal/Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano, Universidade do Algarve, Faro, Portugal/Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal

Cristina Barroso Cruz é doutorada em Antropologia Biológica (2012) pela Universidade de Coimbra, onde realizou a restante formação académica: licenciatura em Antropologia (1999) e mestrado em Evolução Humana (2004) e, uma formação em património cultural imaterial ministrado em parceria pela Direcção Geral do Património Cultural/Museu Nacional de Etnologia/Universidade Aberta (2015). Participou até 2011 em diversos projetos de salvaguarda do património histórico e arqueológico enquanto antropóloga física. Docente desde 2010 na Escola Superior de Educação de Lisboa, tem vindo a desenvolver trabalho em questões patrimoniais e da museologia quer no âmbito dos cursos em que leciona quer nos centros de investigação a que pertence (Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano — Universidade do Algarve e Centro de Humanidades — Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa). Mais recentemente, tem desenvolvido investigação no âmbito da mediação artística e cultural enquanto cocoordenadora da licenciatura com o mesmo nome e coordenadora do projeto Entre: Investigação em Mediação Artística e Cultural, financiado pelo Centro Interdisciplinar em Estudos Educacionais da Escola Superior de Educação de Lisboa. Faz também parte da equipa de coordenação deste centro e é editora da revista Da Investigação às Práticas: Estudos de Natureza Educacionais.

Laurence Vohlgemuth, Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais, Escola Superior de Educação de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal

Laurence Vohlgemuth teve um percurso profissional sempre ligado à educação, no sentido mais lato, e à cultura. Após formação e anos de exercício profissional como institutrice, seja educadora e professora de 1.º ciclo, mudou-se para Portugal onde trabalhou em vários contextos. Licenciou-se (1993) em Ciências da Educação na Université Toulouse Le Mirail, França, onde obteve igualmente o mestrado em Ciências de Educação (1996) e o diploma de estudos avançados, com especialização em educação, formação, integração (1998). Atualmente, é professora adjunta na Escola Superior de Educação de Lisboa, onde liderou o grupo de trabalho que criou a licenciatura em mediação artística e cultural, curso que coordena. As suas comunicações e publicações incidem sempre sobre problemáticas ligadas à formação e educação nas suas diversas formas. Tem em curso uma investigação sobre a articulação entre escolas e organizações culturais e artísticas, no âmbito do programa doutoral equidade e inovação em educação, na Faculdade de Ciências da Educação, na Universidade de Santiago de Compostela. É membro da equipa de investigação do projeto Entre: Investigação em Mediação Artística e Cultural, financiado pelo Centro Interdisciplinar em Estudos Educacionais da Escola Superior de Educação de Lisboa.

Referências

Alves, M. G., & Azevedo, N. R. (2010). Introdução: (Re)pensando a investigação em educação. In M. G. Alves & N. R. Azevedo (Eds.), Investigar em educação: Desafios da construção de conhecimento e da formação de investigadores num campo multi-referenciado (pp. 1–29). Edições UIED.

Arnaud, L. (2018). Agir par la culture. Editions de l’Attribut.

Baracca, P. (2010). Le sociologue et l'animateur ou l'observation et l'action. In F. Liot (Ed.), Projets culturels et participation citoyenne (pp. 49–60). L'Harmattan.

Bell, S. (2010). Project-based learning for the 21st century: Skills for the future. The Clearing House, 83(2), 39–43. https://doi.org/10.1080/00098650903505415

Bourdieu, P. (1979). La distinction. Critique sociale du jugement. Minuit.

Carta do Porto Santo. (2021). A cultura e a promoção da democracia: Para uma cidadania cultural europeia. 2021Portugal.EU; GEPAC; Madeira Islands; Plano Nacional das Artes; República Portuguesa – Cultura; Região Autónoma da Madeira. https://www.culturaportugal.gov.pt/media/9190/pt-carta-do-porto-santo.pdf

Caune, J. (2005). La politique culturelle initiée par Malraux. Espaces Temps.net. http://www.espacestemps.net/en/articles/la-politique-culturelle-initiee-par-malraux-en/

Comissão da Cultura da Cidades e Governos Locais Unidos. (2004). Agenda 21 da cultura. UCLG. https://www.agenda21culture.net/sites/default/files/files/documents/multi/c21_015_pt_5.pdf

Constituição da República Portuguesa, Diário da República n.º 86/1976, Série I de 1976-04-10 (1976). https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-aprovacao-constituicao/1976-34520775-49472675

Costa, P. (2018). Estratégias para a cultura da cidade de Lisboa 2017. DINÂMIA'CET; ISCTE-IUL; FCT.

Crahay, M. (2006). Qualitatif-quantitatif: Des enjeux méthodologiques convergents? In L. Paquay, M. Crahay, & J.-M. De Ketele (Eds.), L’analyse qualitative en éducation (pp. 33–52). De Boeck Université.

Cruz, C. B., Vieira, N., & Vohlgemuth, L. (2021). Degree in artistic and cultural mediation (ESELx – IPL): A critical analysis on the role of the mediator and mediation process in the Portuguese context. Da Investigação às Práticas, 11(2), 118–137. https://doi.org/10.25757/invep.v11i2.268

De Certeau, M. (1993). La culture au pluriel. Seuil. (Trabalho original publicado em 1974)

Fradique, T. (Ed.). (2019). O público vai ao teatro: Encontros sobre políticas da recepção e envolvimento de públicos no contexto das artes performativas. Teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser.

Henry, P. (2014). Un nouveau référentiel pour la culture? Editions de l’Attribut.

Lafortune, J.-M. (2012). La mediation culturelle: Le sens des mots et l’essence des pratiques. Presses de l’Université du Québec.

Lafortune, J.-M. (2013). De la démocratisation à la démocratie culturelle: Dynamique contemporaine de la médiation culturelle au Québec. Territoires Contemporains, (5). http://tristan.u-bourgogne.fr/CGC/publications/Democratiser_culture/JM_Lafortune.html

Lahire, B. (2006). La culture des individus (2.ª ed.). La Découverte.

Lopes, J. M. (2009). Da democratização da cultura a um conceito e prática alternativos de democracia cultural. Saber & Educar, (14), 1–13. https://doi.org/10.17346/se.vol14.121

Lussier, M. (2015). L’appropriation de la médiation culturelle dans la Vallée-du-Haut-Saint-Laurent: Caractéristiques, besoins e enjeux des artistes et des travailleurs culturels. Culture pour tous, Autour de Nous et Service aux collectivités de l’UQAM.

Martin, L. (2013). La démocratisation de la culture en France. Une ambition obsolète? Territoires Contemporains, 5. http://tristan.u-bourgogne.fr/CGC/publications/Democratiser_culture/Laurent_Martin.html

Martinho, T. (2013). Mediadores culturais em Portugal: Perfis e trajetórias de um novo grupo ocupacional. Análise Social, XLVIII(207), 422–444. http://hdl.handle.net/10451/23655

Maurel, C. (2010). Le travail de la culture: Des concepts aux pratiques. In F. Liot (Ed.), Projets culturels et participation citoyenne (pp. 23–33). L'Harmattan.

Mörsch, C., & Holland, S. (2012). Le temps de la médiation. Pro Helvetia.

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2002). Declaração universal sobre a diversidade cultural. https://www.oas.org/dil/port/2001%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20sobre%20a%20Diversidade%20Cultural%20da%20UNESCO.pdf

Pais, J. M., Magalhães, P., & Antunes, M. L. (Eds.). (2022). Inquérito às práticas culturais dos portugueses 2020. Fundação Calouste Gulbenkian.

Pereira, J. (2016). O valor da arte. Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Rancière, J. (2010). O espectador emancipado (J. M. Justo, Trad.). Orfeu Negro. (Trabalho original publicado em 2008)

Rangel, M., & Gonçalves, C. (2010). A metodologia de trabalho de projeto na nossa prática pedagógica. Da Investigação às Práticas, 1(3), 21–43. https://doi.org/10.25757/invep.v1i3.68

Rathier, J.-P., & Innocenti, L. (2010). Qu'est-ce qu'une action culturelle appropriée? In F. Liot (Ed.), Projets culturels et participation citoyenne (pp. 99–114). L'Harmattan.

Schön, D. (1994). Le praticien réflexif. Les Éditions Logiques.

Shapiro, R. (2007). O que é artificação? Sociedade e Estado, 22(1), 135–151. https://doi.org/10.1590/S0102-69922007000100006

Trilla, J. (2004). Conceito, exame e universo da animação sociocultural. In J. Trilla (Ed.), Animação sociocultural. Teorias, programas e âmbitos (pp. 19–44). Instituto Piaget.

Vandenberghe, R. (2006). La recherche qualitative en éducation: Dégager le sens et démêler la complexité. In L. Paquay, M. Crahay, & J.-M. De Ketele (Eds.), L’analyse qualitative en éducation (pp. 53–64). De Boeck Université.

Verhoeven, M. (2006). Traitement scolaire de la différence culturelle et identité de jeunes issus de l’immigration. In L. Paquay, M. Crahay, & J.-M. De Ketele (Eds.), L’analyse qualitative en éducation (pp. 83–107). De Boeck Université.

Publicado

2023-06-29

Como Citar

Barroso Cruz, C., & Vohlgemuth, L. (2023). Mediação Artística e Cultural: Que Perfil Profissional?. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 10(1), 31–48. https://doi.org/10.21814/rlec.4257