Empatia em Cena: O Teatro Como Prática Pedagógica Para a Construção de uma Medicina Mais Humanizada
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.6535Palavras-chave:
teatro, empatia, medicina humanizada, emoções na formação médica, simulação de consultas médicasResumo
Pesquisas mostram que, ao longo da graduação em medicina, os(as) estudantes tendem a sofrer uma perda significativa da empatia por pacientes e colegas. Diante desse desafio, propomos estratégias pedagógicas que fazem do teatro um meio para vivenciar temas essenciais à formação profissional, criando um espaço de acolhimento e aprendizagem emocional. Com a utilização da reflexão em ação, o objetivo é desenvolver repertórios para lidar com situações difíceis ou distantes dos ideais de cuidado. Afinal, para que profissionais de saúde validem as emoções de seus pacientes, é preciso que antes reconheçam e legitimem suas próprias emoções. Neste artigo, em formato de relato de experiência, abordaremos a metodologia Medical Education Empowered by Theater (MEET), pautada na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e no “teatro do oprimido” de Augusto Boal, em duas frentes: simulações de consultas médicas e aulas de teatro. As aulas de teatro com foco nas habilidades de comunicação, promovem a “desmecanização” dos corpos — trabalhando não apenas a musculatura, mas também hábitos, dogmas e certezas enraizadas (Boal, 1998/2014). Essa prática amplia o repertório existencial, fortalecendo a alteridade e a empatia. Depoimentos dos(as) estudantes reforçam uma lacuna na formação médica: a longitudinalidade das abordagens humanistas, evidenciando a urgência de atividades curriculares que mantenham o ambiente de aprendizagem como um espaço criativo, respeitoso e vivo de reflexão. Diante disso, defendemos a expansão de práticas teatrais na formação médica como alicerce para uma medicina mais humanizada, assumindo um compromisso ético com os mais vulneráveis.
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