Tematização da Deficiência na Literatura Infantil — Olhares Sobre as Personagens
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.3477Palavras-chave:
deficiência física, literatura infantil, inclusão, compreensão textualResumo
O presente estudo se propõe a problematizar a representação de personagens com deficiência física em obras de literatura infantil. A discussão é relevante visto que a temática vem se colocando em livros produzidos para a infância no Brasil, principalmente a partir de 2008, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (Decreto nº 6.571, 2008). Embora a questão já aparecesse em algumas obras literárias em períodos anteriores, geralmente com uma abordagem estereotipada. As editoras de literatura infantil, diante de várias políticas e programas institucionais, acharam um filão no tema das necessidades especiais. Indubitavelmente, pressões sociais e políticas de inclusão interferem nas produções literárias e sua inserção também no contexto escolar. Neste sentido, analisar obras que não reforcem estereótipos ou remetam a deficiência como superação heroica, resignação e aceitação do destino, colocando as personagens em condições de subalternidade e/ou que inspirem piedade ou vontade divina, pode colaborar para a ampliação de olhares acerca do que é estigmatizado como deficiência e os limites e possibilidades do ser humano em diferentes condições e potencialidades. Comparar livros infantis que trazem esses dois aspectos — superação e aceitação do real versus resignação e superação heroica — pode ajudar leitores e crianças a compreender a deficiência dentro de uma normalidade e abrir boas perspectivas de discussão sobre a temática com esses leitores em formação.
Downloads
Referências
Adomat, D. S. (2014). Exploring issues of disability in children’s literature discussions. Disability Studies Quarterly, 34(3), 1–15. https://doi.org/10.18061/dsq.v34i3.3865
Altieri, J. L. (2008). Fictional characters with dyslexia: What are we seeing in books? Journal of Literary & Cultural Disability Studies, 41(1), 48–54. https://doi.org/10.1177/004005990804100106
Alves, P. (2021, 19 de agosto). Ministro da Educação diz que a crianças com grau de deficiência que ‘é impossível a convivência’. Globo. https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2021/08/19/ministro-da-educacao-criancas-impossivel-convivencia.ghtml
Barros, A. S. (2015). Quarenta anos retratando a deficiência: Enquadres e enfoques da literatura infantojuvenil brasileira. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 167–193. https://doi.org/10.1590/S1413-24782015206009
Beckett, A., Ellison, N., Barrett, S., & Shah, S. (2010). ‘Away with the fairies?’ Disability within primary-age children’s literature. Disability & Society, 25(3), 373–386. https://doi.org/10.1080/09687591003701355
Cadermatori, L. (2006). O que é literatura infantil. Brasiliense.
Coelho, N. N. (2000). Literatura infantil: Teoria, análise, didática. Moderna.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. art. 205.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. art. 208, §III.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. art. 206, §I.
Curwood, J. S. (2013). Redefining normal: A critical analysis of (dis)ability in young adult literature. Children’s Literature in Education: An International Quarterly, 44(1), 15–28. https://doi.org/10.1007/s10583-012-9177-0
Cury, C. R. J. (2005). Os fora de série na escola. Armazém do Ipê.
Decreto Legislativo nº 186, de 2008 (2008). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Congresso/DLG/DLG-186-2008.htm
Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008 (2008). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6571.htm
Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999 (1999). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm
Dowker, A. (2013). A representação da deficiência em livros infantis: Séculos XIX e XX. Educação & Realidade, 38(4), 1053–1068.
Dyches, T. T., & Prater, M. A. (2005). Characterization of developmental disabilities in children’s fiction. Education and Training in Developmental Disabilities, 40(3), 202–216.
Emenda Constitucional nº 65, de 13 de Julho de 2010 (2010). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm
Flynn, K. S. (2001). Developing children’s oral language skills through dialogic reading: Guidelines for implementation. Teaching Exceptional Children, 44(2), 8–16. https://doi.org/10.1177/004005991104400201
Freire, S. (2008). Um olhar sobre a inclusão. Revista da Educação, 16(1), 5–20. http://hdl.handle.net/10451/5299
Hughes, C. (2012). Seeing blindness in children’s picturebooks. Journal of Literary & Cultural Disability Studies, 6(1), 35–51.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2012). Censo brasileiro de 2010. IBGE
Kirchof, E. R., Bonin, I. T., & Silveira, R. M. H. (2013). Apresentação – Literatura infantil e diferenças. Educação & Realidade, 38(4), 1045–1052. https://doi.org/10.1590/S2175-62362013000400002
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (1996). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (2015). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 (2014). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
Machado, M. Z. V. (2014). Gêneros literários para crianças. In I. C. Frade, M. G. C. Val, & M. Bregunci (Eds.), Glossário Ceale de termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. CEALE; Faculdade de Educação da UFMG.
Paiva A. (2008). A produção literária para crianças: Onipresença e ausência das temáticas. In A. Paiva, & M. Soares (Eds.), Literatura infantil: Políticas e concepções (pp. 35–52). Autêntica.
Pimentel, F. (1952). Histórias da avozinha. Livraria Quaresma.
Portaria nº 1.793, de dezembro de 1994 (1994). http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port1793.pdf
Prater, M. A. (1999). Characterization of mental retardation in children’s and adolescent literature. Education and Training in Mental Retardation and Developmental Disabilities, 34(4), 418–431.
Price, C. L., Ostrosky, M. M., & Mouzourou, C. (2016). Exploring representation of characters with disabilities in library books. Early Childhood Education Journal, 44(6), 563–572. https://doi.org/10.1007/s10643-015-0740-3
Quicke, J. B. (1985). Disability in modern children’s fiction. Croom Helm.
Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001 (2001). http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf
Sipe, L. R. (2012). Revisiting the relationships between text and pictures. Children’s Literature in Education, 43, 4–21. https://doi.org/10.1007/s10583-011-9153-0
Sonnenschein, S., & Munsterman, K. (2002). The influence of homebased reading interactions on 5-year-olds’ reading motivations and early literacy development. Early Childhood Research Quarterly, 17(3), 318–337. https://doi.org/10.1016/S0885-2006(02)00167-9
Souza, R. J., & Bortolanza, A. M. E. (2012). Leitura e literatura para crianças de 6 meses a 5 anos: livros, poesias e outras ideias. In R. J. Souza, & E. A. Lima (Eds.), Leitura e cidadania (pp. 67–90). Mercado de Letras.
Wopperer, E. (2011). Inclusive literature in the library and the classroom: The importance of young adult and children’s books that portray characters with disabilities. Knowledge Quest, 39(3), 26–34.
Yenika-Agbaw, V. S. (2011). Reading disability in children’s literature: Hans Christian Andersen’s tales. Journal of Literary & Cultural Disability Studies, 5(1), 91–107.
Zilberman, R., & Lajolo, M. (1993). Um Brasil para crianças – Para conhecer a literatura infantil brasileira: história, autores e textos. Global.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2021 Renata Junqueira de Souza, Sílvia de Fátima Pilegi Rodrigues
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.