Espaço Inventário, Espaço Inventado

Autores

  • Frederico Augusto Vianna de Assis Pessoa Departamento de Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil https://orcid.org/0000-0002-2856-6132

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.3209

Palavras-chave:

cartografia sonora, cidade, escuta, etnografia sonora, sensório

Resumo

Este artigo aborda a experiência de construção de territórios de escuta na cidade de Belmonte (Brasil), e discute como a escuta pode ser uma forma de conhecimento do mundo que parte do sensorial e nele mergulha intensamente, para trazer à tona insights que podem nortear compreensões sobre um objeto em diversos aspectos, no caso da cidade, desde sua estrutura urbana até as relações entre pessoas que a habitam. O texto propõe um ensaio em que os diários de viagem dialogam com a abertura para as sensações provocadas pelas paisagens sonoras e suas características reticulares onde o afeto, a convivência, as diferenças, as relações entre seres humanos e não-humanos, as geografias do poder econômico, as diferentes subjetividades, e a multiplicidade que caracteriza uma cidade se manifestam. O texto parte do princípio de que escutar é estar atento ao movimento dinâmico do mundo e à efemeridade dos acontecimentos e entrelaçamentos que nele ocorrem para traduzir o que nos afeta em palavras. Embora se centre em uma abordagem pela escuta, o ensaio reflete sobre a impossibilidade de separação entre os sentidos na percepção e sua atuação contínua nas relações seres humanos–mundo, constituindo não só subjetividades e idiossincrasias individuais, mas também perspectivas compartilháveis sobre o ser e estar no espaço comum.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Augé, M. (1997). Non-places: Introduction to an anthropology of supermodernity. Verso.

Augé, M. (2009). Elogio de la bicicleta (A. Bixio, Trad.). Editora Gedisa. (Trabalho original publicado em 2008)

Augé, M. (2010). Por uma antropologia da mobilidade (B. C. Cavalcanti & R. R. A. Barros, Trad.). EdUFAL; Editora UNESP. (Trabalho original publicado em 2007)

Blesser, B., & Salter, L. R. (2007). Spaces speak, are you listening? The MIT Press.

Byrne, D. (2011). Diários de bicicleta (O. Albuquerque & A. L. F. Carvalho, Trad.). Editora Manole. (Trabalho original publicado em 2009)

Cage, J. (1973). Silence: Lectures and writings by John Cage. Wesleyan University Press.

Calvino, Í. (1990). As cidades invisíveis (D. Mainardi, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1972)

Carson, A. (1995). Glass, irony and god. New Directions.

Cauquelin, A. (2007). A invenção da paisagem (M. Marcionilo, Trad.). Livraria Martins Fontes Editora. (Trabalho original publicado em 2000)

Deleuze, G., & Guattari, F. (2000). Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia (Vol. 1, A. G. Neto & C. P. Costa, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980)

Feld, S. (2017). On post-ethnomusicology alternatives: Acoustemology. In F. Giannattasio & G. Giuriati (Eds.), Perspectives on a 21st century comparative musicology: Ethnomusicology or transcultural musicology? (pp. 82–98). Nota – Valter Colle.

Harvey, D. (2005). A produção capitalista do espaço (C. Szlak, Trad.). Annablume. (Trabalho original publicado em 2001)

Ihde, D. (2007). Listening and voice: Phenomenologies of sound. State University of New York Press.

Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras.

Labelle, B. (2010). Acoustic territories: Sound, culture and everyday life. Continuum International Publishing Group.

Lefebvre, H. (2000). On urban form. In E. Kofman & E. Lebas (Eds.), Writings on cities (pp. 133–138). Blackwell Publishers.

Perec, G. (2001). Especies de espacios (J. Camarero, Trad.). Montesinos. (Trabalho original publicado em 1974)

Pessoa, F. (2017). Territórios de escuta e imagens em movimento: Um (discreto) deslocamento epistemológico [Tese de doutoramento, Universidade Federal de Minas Gerais]. Repositório Institucional da UFMG. https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUOS-B7KK6P?mode=full

Schafer, R. M. (2001). A afinação do mundo (M. T. Fonterrada, Trad.). Fundação Editora da UNESP. (Trabalho original publicado em 1977)

Schulze, H. (2018). The sonic persona. Bloomsbury Publishing.

Schulze, H. (2019). Sound as theory 1863-2014: From Hermann von Helmholtz to Salomé Voegelin. In M. Bull (Ed.), The Routledge Companion to sound studies (pp. 5–15). Routledge.

Serres, M. (2008). The five senses: A philosophy of mingled bodies (I). Continuum International Publishing Group.

Thoureau, H. D. (2007). Walden, ou a vida nos bosques (A. Cabral, Trad.). Editora Ground. (Trabalho original publicado em 1854)

Truax, B. (1984). Acoustic communication. Ablex Publishing Corporation.

Urry, J. (2001, 7-11 de novembro). Globalising the tourist gaze [Apresentação de comunicação]. Cityscapes Conference, Graz, Áustria. https://www.lancaster.ac.uk/fass/resources/sociology-online-papers/papers/urry-globalising-the-tourist-gaze.pdf

Voegelin, S. (2010). Listening to noise and silence: Towards a philosophy of sound art. Continuum International Publishing Group.

von Hardenberg, W. G. (2013). Invented nature: An environmental historiography of critical tourism. In F. Martini & V. Michelkevicius (Eds.), Tourists like us: Critical tourism and contemporary art (pp. 151–164). Vilnius Academy of Arts Press.

Westerkamp, H. (2019). The disruptive nature of listening: Today, yesterday, tomorrow. In M. Droumeva & R. Jordan (Eds), Sound, media, ecology (pp. 45–63). Palgrave Macmillan.

Publicado

2021-06-30

Como Citar

Pessoa, F. A. V. de A. (2021). Espaço Inventário, Espaço Inventado. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 8(1), 123–140. https://doi.org/10.21814/rlec.3209