Cidade e Performatividade: Rupturas Normativas no Espaço Público Informal — Um Estudo de Caso na Cidade do Recife, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.3198Palavras-chave:
cidade, corpos, performatividade, Recife, segmentaridadesResumo
A partir do questionamento da ideia de uma cidade hegemônica e com estruturas totalizantes, este artigo toma os corpos no espaço urbano como um modo de discutir essas estruturas normativas e, por isso, procura investigar como pensar a cidade para as diversas performatividades, ao levar em consideração os corpos além dos determinados normativos. Para tanto, são utilizados como fios condutores de interpretação e construção da investigação os conceitos de performatividade da filósofa Judith Butler (1990/2020) e os de micropolítica e macropolítica dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari (1980/1996), através dos quais se chegou ao entendimento da segmentação do fazer cotidiano. Esses segmentos podem ser caracterizados como linear (os processos históricos), circular (as ocupações do território) e binário (as dualidades sociais). O processo de aplicação em campo dos conceitos estudados foi realizado no Brasil, na cidade do Recife, e a área escolhida foi o entorno do Mercado de São José, localizado no centro histórico, onde existiu, até ao ano de 2019, uma intensa atividade de comércio informal. A investigação estruturou-se em interpretar como se conformam algumas das segmentaridades sociais desse espaço, com o objetivo de caracterizar as relações de apropriação espacial pelos corpos performativos. Diante disso, chegou-se como resultado à enunciação de um conceito para caracterizar a relação entre os corpos e a área observada: os espaços performativos disruptivos. Dessa maneira, este trabalho busca contribuir para a prática do urbanismo, ao propor um olhar mais inclusivo sobre a cidade.
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