Os museus do vinho em Portugal: comunicar o passado e compreender e (re)construir a herança cultural vitivinícola
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.345Palavras-chave:
Cultura do vinho, enoturismo, identidade local, museus do vinhoResumo
Os museus do vinho são espaços de visitação, “guardiões” de memória e de discursos sobre o passado e o presente vitivinícola das regiões que representam. Mas são também lugares de integração e de interação entre a história, a identidade, espaços de seleção e exclusão, de memórias subjetivas e seletivas. Estes espaços assumem hoje a dupla função e responsabilidade: por um lado, de preservação, divulgação e (re)produção com rigor científico deste património, mas, por outro lado, comprometem-se em torná-lo lúdico, atrativo e pedagógico, adaptado aos públicos a que se destinam. São por isso agentes fundamentais na construção de uma “cultura do Vinho” nas regiões em que se inserem, que não deixa, porém, de ser seletiva. O número de museus vínicos na região do Douro tem crescido exponencialmente. Para um melhor entendimento da cultura do vinho nesta região e da Identidade que é promovida e valorizada através destes espaços, entendeu-se relevante o estudo dos espólios e respetivo discurso dos museus existentes, através da seleção de uma amostragem significativa destes núcleos. Objetivando-se assim com este estudo o entendimento e o contributo do papel destes museus vitivinícolas para a região do Douro. Da análise realizada pode concluir-se que existe alguma seletividade discursiva que valoriza “os notáveis” históricos da terra, cala muitas vezes clivagens sociais, expressa uma religiosidade vincada, evidencia o árduo trabalho da terra e que não raras vezes se centra nos aspetos técnicos de produção da uva e do vinho e na sua evolução. Muitos destes espaços são recentes e outros foram renovados, percebendo-se que a região reconhece e valoriza a sua existência. Constituem, ainda assim e claramente, uma mais valia para estes territórios do Douro, tanto na sua vertente de animação, como na dinamização e afirmação cultural e identitária que vai muito para além da herança vitivinícola da região. São espaços agregadores de um universo cultural que não se basta no vinho e que permite melhor conhecer a região em que se inserem e que valorizam.
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