Constelações Decoloniais: O Pós-Museu Como Espaço de Interculturalidade e Resistência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.5739

Palavras-chave:

constelação decolonial, interculturalidade, resistência cultural, estudos pós-coloniais, pós-Museu

Resumo

Assim como uma constelação é formada por estrelas individuais que juntas criam uma representação significativa, a expressão constelações decoloniais sugere a interconexão de diversas imagens, práticas e movimentos decoloniais que, juntos, formam um quadro mais amplo e compreensivo de resistência. Sugere ainda a inclusão de múltiplas perspectivas, vozes e experiências de diferentes culturas. De modo semelhante às constelações, que são compostas por múltiplos pontos de luz, cada imagem, pensamento, perspectiva, contribui para mapear e navegar por territórios culturais e históricos periféricos ou suprimidos pelo colonialismo, recuperando e valorizando esses espaços através de uma abordagem decolonial. Neste estudo, adotamos uma perspectiva decolonial da interculturalidade (Martins, 2020; Mignolo & Walsh, 2018), entendida como um diálogo genuíno entre povos e instituições, procurando promover a igualdade de oportunidades. A abordagem da nossa investigação é qualitativa, fundamentada em pesquisa bibliográfica, explorando conceitos como interculturalidade, decolonialidade e pós-musealidade. Analisamos alguns museus que estão a transformar as suas exposições e narrativas, em prol de uma perspectiva decolonial. Exploramos algumas dinâmicas no African Museum, na Bélgica; no Pitt Rivers Museum, na Grã-Bretanha; e no Museu Virtual da Lusofonia, no Google Arts & Culture, com sede física em Portugal. Estes museus são apresentados como estudos de caso que exemplificam a aproximação ao paradigma do pós-museu.

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Biografias Autor

Elaine Trindade, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Elaine Trindade é doutoranda em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho e bolseira de investigação da FCT (UI/BD/151121/2021). É investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, atuando na plataforma Museu Virtual da Lusofonia. É mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desenvolve investigação na interseção de comunicação e cultura, com foco em lusofonia e novas tecnologias da comunicação.

Moisés de Lemos Martins, Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias, Universidade Lusófona do Porto, Porto, Portugal

Moisés de Lemos Martins é professor catedrático jubilado da Universidade do Minho. Nesta universidade, foi o diretor do Instituto de Ciências Sociais, tendo dirigido também o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, que fundou em 2001, e o Museu Virtual da Lusofonia, que criou em 2017. Doutorou-se em Ciências Sociais, na Universidade de Ciências Humanas de Estrasburgo, em 1984. Tendo-se jubilado na Universidade do Minho, em 2023, é hoje professor catedrático da Universidade Lusófona. Nesta Universidade, dirige, no Porto, a Faculdade de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação, e é o diretor do Departamento de Ciências da Comunicação. Tem publicado no âmbito da sociologia da comunicação e da cultura, semiótica social, estudos culturais, estudos visuais, comunicação intercultural, política científica e estudos pós-coloniais, lusófonos e ibero-americanos. O último dos livros que publicou tem como título: Políticas de Ciência e da Língua, Publicação Científica e Rankings Académicos.

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Publicado

2024-12-13

Como Citar

Trindade, E., & de Lemos Martins, M. (2024). Constelações Decoloniais: O Pós-Museu Como Espaço de Interculturalidade e Resistência. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 11(2), e024017. https://doi.org/10.21814/rlec.5739