Manuais Escolares do Primeiro Ciclo no Estado Novo: Representações Culturais, Visuais e Mensagens Ideológicas

Josué Duarte; Marta Barreira

doi:10.21814/rlec.6368

Autores

Josué Duarte Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal https://orcid.org/0009-0001-8909-0465
Marta Barreira Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal https://orcid.org/0009-0004-9380-9200

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.6368

Palavras-chave:

Estado Novo, Manuais Escolares, Representações Culturais, Ideologia, Propaganda, Nacionalismo

Resumo

Este artigo analisa as representações culturais presentes nos manuais escolares do ensino primário durante o regime do Estado Novo em Portugal. Explora como a educação foi utilizada como instrumento ideológico para incutir valores sociais e reforçar a governação autoritária da época. Através da análise do conteúdo e da estrutura dos manuais escolares, o estudo identifica temas-chave como o nacionalismo, a disciplina moral e a promoção de papéis tradicionais. A investigação adota uma abordagem qualitativa e histórica, focando-se na relação entre educação e propaganda, para desvendar os mecanismos subtis pelos quais o regime influenciava as mentes mais jovens. Os resultados destacam o papel crucial dos manuais escolares como ferramentas culturais para moldar mentes e manter o controlo social no contexto de um Estado autoritário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Josué Duarte, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Josué Duarte é licenciado em Design Gráfico pelo Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e mestre em Design para Comunicação de Moda pela Universidade do Minho. Atualmente, encontra-se a cursar o doutoramento em Ciências da Cultura pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para além da sua atividade académica como docente na área da Educação Visual e Tecnológica, é autor da obra Vestidos para Obedecer (Clube de Autores) e tem vindo a expor as suas telas abstratas em variadas exposições na zona norte de Portugal.

Marta Barreira, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Marta Barreira é licenciada em Gestão Sociocultural, tendo desenvolvido ao longo da sua carreira um forte interesse pelas dinâmicas culturais e sociais. Com um percurso académico sólido, concluiu o mestrado em Gestão, onde aprofundou os seus conhecimentos em estratégias organizacionais e desenvolvimento de projetos. Atualmente, encontra-se a frequentar o doutoramento em Ciências da Cultura, onde investiga temas relacionados com políticas culturais, identidade e património. No âmbito profissional, desempenha o cargo de técnica superior no Gabinete de Candidaturas e Fundos Comunitários do Município de Ribeira de Pena, onde contribui ativamente para o desenvolvimento local.

Referências

Almeida, A. de J. (2011). A escola primária ao serviço do Estado Novo em Portugal. Cadernos de História da Educação, 10(1), 13–31.

Althusser, L. (2014). On the reproduction of capitalism: Ideology and ideological state apparatuses by Louis Althusser. Verso.

Bardin, L. (2015). Análise de conteúdo (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trads.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 1977)

Basto, J. I. B. P. L. (2015). A representação de género em manuais escolares do ensino primário do Estado Novo [Dissertação de mestrado, Escola Superior de Artes e Design]. Repositório Comum. http://hdl.handle.net/10400.26/9352

Berger, P. L., & Luckmann, T. (1966). The social construction of reality: A treatise in the sociology of knowledge. Anchor Books.

Chartier, R. (1985). A história cultural: Entre práticas e representações (M. M. Galhardo, Trad.). Genérico.

Chartier, R. (2015). A ordem dos livros (D. M. Priore, Trad.). Vega.

Cruz, M. B. (1997). As negociações da Concordata e do Acordo Missionário de 1940. Análise Social, 32(143/144), 815–845. https://www.jstor.org/stable/41011290

Cruz, M. B. (1998). A igreja e o Estado Novo. Bizâncio.

Decreto-Lei n.o 22.369, de 30 de março de 1933. Diário do Govêrno n.º 73/1933, Série I de 1933-03-30. https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto/22369-1933-255980

Diniz, M. A. S. (1994). As fadas não foram à escola: A literatura de expressão oral em manuais escolares do ensino primário (1901-1975). Edições Asa.

Duarte, J. A. O. (2024a). Moda e ideologia política no Estado Novo: Uma análise semiótica do fardamento da Mocidade Portuguesa [Dissertação de mestrado, Universidade do Minho]. RepositóriUM. https://hdl.handle.net/1822/95181

Duarte, J. (2024b). Vestidos para obedecer: A farda da Mocidade Portuguesa e o controle da juventude. Clube de Autores.

Hall, S. (2006). A identidade cultural na pós-modernidade (T. T. da Silva & G. L. Louro, Trads.). DP&A. (Trabalho original publicado em 1992)

Kripka, R. M. L., Scheller, M., & Bonotto, D. de L. (2015). Pesquisa documental na pesquisa qualitativa: Conceitos e caracterização. Revista de Investigaciones UNAD, 14(2), 55–73. https://doi.org/10.22490/25391887.1455

Mesquita, C., Mesquita, E., & Ribeiro, M. do C. (2009). A iconografia nos manuais escolares do Estado Novo. Instituto Politécnico de Bragança; Escola Superior de Educação. http://hdl.handle.net/10198/2557

Mineiro, A. C. (2007). Valores e ensino no Estado Novo – Análise dos livros únicos. Edições Sílabo.

Ministério da Educação Nacional. (1954). O Livro da primeira classe (6.ª ed.). Editora Educação Nacional.

Ministério da Educação Nacional. (1958a). O Livro da segunda classe (6.ª ed.). Editora Educação Nacional.

Ministério da Educação Nacional. (1958b). Livro de leitura da 3.ª classe (4.ª ed.). Editora Educação Nacional.

Ministério da Educação Nacional. (1970). Livro de leitura para a 4.ª classe. Editora Educação Nacional.

Moscovici, S. (1988). Notes towards a description of social representations. European Journal of Social Psychology, 18(3), 211–250. https://doi.org/10.1002/ejsp.2420180303

Neto, A. C. C. (2015). Os manuais do ensino primário elementar e a inculcação dos valores do Estado Novo [Dissertação de mestrado, Universidade NOVA de Lisboa]. Repositório da Universidade NOVA. http://hdl.handle.net/10362/15980

Panofsky, E. (2016). Significado nas artes visuais (3.ª ed., M. C. F. Kneese & J. Guinsburg, Trads.). Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1939)

Pinto, O. M. P. R. M. (2014). Educação e ideologia Portugal, pátria de heróis: A figura histórica em contexto educativo (1926-1974) [Tese de doutoramento, Universidade NOVA de Lisboa]. Repositório da Universidade NOVA. http://hdl.handle.net/10362/11910

Rosas, F. (2013). Salazar e o poder. A arte de saber durar. Tinta da China.

Serra, F. M. (2005). A imagem nos manuais do ensino primário do Estado Novo. Cultura, Revista de História e Teoria das Ideias, 21, p. 151–176. https://doi.org/10.4000/cultura.3123

Serrão, V. M. B. (2018). O ensino durante o Estado Novo em Portugal: O papel do professor [Tese de doutoramento, Universidade de Lisboa]. Repositório da Universidade de Lisboa. http://hdl.handle.net/10451/36386

Sousa, I. M. R. (2019). Educação feminina no Estado Novo (1938-1949): Impacto na imprensa periódica [Dissertação de mestrado, Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade do Porto. https://hdl.handle.net/10216/122635

Storey, J. (2015). Cultural theory and popular culture: An introduction (7.ª ed.). Routledge

Thompson, J. B. (1991). Ideology and modern culture: Critical social theory in the era of mass communication. Polity.

Torgal, L. R. (2009). Estados novos, Estado Novo (Vol. I e II). Imprensa de Ciências Sociais.