Literacia Artística Participativa: Uma Proposta Para Pensar a Relação Entre as Pessoas e a Cultura
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.6527Palavras-chave:
formação de públicos, políticas culturais, democracia cultural, literacia artística participativa, Plano Nacional das ArtesResumo
Depois de o modelo da democratização da cultura ter sido a principal orientação das políticas culturais no Portugal democrático, o modelo da democracia cultural começa a surgir em alguns discursos políticos e documentos, como a Carta do Porto Santo, com a influência do instrumento político designado Plano Nacional das Artes, que é desenvolvido pelos Ministérios da Cultura e da Educação. O presente texto apresenta esses modelos, tendo como enquadramento a teoria de Pierre Bourdieu sobre o campo cultural e a proposta de democracia cultural de João Teixeira Lopes. Trata-se de uma análise qualitativa, que também pondera os dados dos resultados do inquérito às práticas culturais dos portugueses, de 2020. Considerando que, mais do que formar públicos, as políticas públicas devem procurar criar possibilidades de experimentação de diferentes práticas e manifestações artísticas e culturais para toda a população, fazendo jus à ambição de democracia cultural vigente, o texto apresenta a proposta conceitual de “literacia artística participativa” para falar sobre a relação entre as pessoas e a cultura. Assim, é defendido igualmente que a literacia artística participativa pode ser aplicada primeiramente em contexto escolar (recorrendo, por exemplo, às práticas desenvolvidas no âmbito do Plano Nacional das Artes), encontrando-se em linha com os pressupostos da democracia cultural.
Downloads
Referências
Becker, H. S. (2010). Mundos da arte (L. S. Payo, Trad.). Livros Horizonte. (Trabalho original publicado em 1982)
Borges, V. (2022). Ecletismo ou distinção? Cinema, espetáculos ao vivo, festivais e festas locais. In M. L. Antunes, P. Magalhães, & J. M. Pais (Eds.), Práticas culturais dos portugueses (pp. 235–284). Imprensa de Ciências Sociais.
Bourdieu, P. (2010). A distinção. Uma crítica social da faculdade de juízo (P. E. Duarte, Trad.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 1979)
Bourdieu, P. (2021). O poder simbólico (F. Tomaz, Trad.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 1989)
Cameira, E. (2022). A leitura e a frequência de bibliotecas e arquivos no arranque dos anos 20 do século XXI. In J. M. Pais, P. Magalhães, & M. L. Antunes (Eds.), Práticas culturais dos portugueses (pp. 143–196). Imprensa de Ciências Sociais.
Cultura Portugal. (2021, 10 de maio). Carta do Porto Santo. Retirado em 8 de julho de 2025, de https://www.culturaportugal.gov.pt/pt/saber/2021/05/carta-do-porto-santo
Catanho, C. (2020). Bookstagram: Uma nova forma de cativar leitores: Os casos dos Estados Unidos da América e Portugal [Dissertação de mestrado, Universidade de Lisboa]. Repositório da Universidade de Lisboa. http://hdl.handle.net/10451/44139
Coulangeon, P. (2005). Social stratification of musical tastes: Questioning the cultural legitimacy model. Revue Française de Sociologie, 46, 123–154. https://www.jstor.org/stable/25130400
Coulangeon, P. (2015). Social mobility and musical tastes: A reappraisal of the social meaning of taste eclecticism. Poetics, 51, 54–68. https://doi.org/10.1016/j.poetic.2015.05.002
Coulangeon, P., & Roharik, I. (2005). Testing the ‘omnivore/univore’ hypothesis in a cross-national perspective. On the social meaning of eclecticism in musical tastes in eight European countries. In The Summer meeting of the ISA RC28, UCLA (pp. 1–28). https://sciencespo.hal.science/hal-01053502v1
Cruz, H. (2021). Práticas artísticas. Participação e política. Edições Colibri.
Goldbard, A., & Matarasso, F. (2021). Ética e arte participativa. Fundação Calouste Gulbenkian.
Gomes, R. T. (2022). Participação artística e capitais culturais. In J. M. Pais, P. Magalhães, & M. L. Antunes (Eds.), Práticas culturais dos portugueses (pp. 285–310). Imprensa de Ciências Sociais.
Gradíssimo, A. & Caetano, A. P. (2010). A obra de arte como um caminho para uma literacia artística no currículo de EVT. In M. Oliveira & S. Milheiro (Eds.), As artes na educação - Contextos de aprendizagem promotores da criatividade (pp. 67–78). Folheto Edições e Design.
Eco, U. (2021). A definição da arte. (J. M. Ferreira, Trad.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 1972)
Harvey, D. (2008). O neoliberalismo – História e implicações (A. Sobral & M. S. Gonçalves, Trads.). Ed. Loyola. (Trabalho original publicado em 2005)
Lahire, B. (2002). O homem plural. Os determinantes da ação (J. A. Clasen, Trad.). Editora Vozes. (Trabalho original publicado em 1998)
Lahire, B. (2006). A cultura dos indivíduos (F. Murad, Trad.). Artmed Editora. (Trabalho original publicado em 2004)
Lipovetsky, G. & Serroy, J. (2010). A cultura-mundo. Resposta a uma sociedade desorientada (V. Silva, Trad.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 2008)
Llosa, M. V. (2017). A civilização do espetáculo. Quetzal Editores.
Lopes, J. T. (2007). Da democratização à democracia cultural: Uma reflexão sobre políticas culturais e espaço público. Profedições.
Magalhães, P., & Silva, J. R. (2022). Aspetos metodológicos e sociografia dos inquiridos. In J. M. Pais, P. Magalhães, & M. L. Antunes (Eds.), Práticas culturais dos portugueses (pp. 47–54). Imprensa de Ciências Sociais.
Marques, F. P. (2014). Cultura e política(s). Âncora Editora.
Marques, M. S. (2015). Críticas ao modelo hierarquizado de cultura: Por um projeto de democracia cultural para as políticas culturais públicas. Revista de Estudios Sociales, 1(53), 43–51. http://dx.doi.org/10.7440/res53.2015.03
Martel, F. (2010). Cultura mainstream. Cómo hacen los fenómenos de masas. Taurus.
Matarasso, F. (2019). Uma arte irrequieta: Reflexões sobre o triunfo e importância da prática participativa. Fundação Calouste Gulbenkian.
Neves, J. S., Lima, M. J., Santos, J., Macedo, S. C., Martins, A., Pratas, S., Pereira, J., & Nunes, N. (2023), Democracia cultural e políticas públicas: O papel do associativismo popular. Análise Associativa, (10), 14–42. http://hdl.handle.net/10071/32640
Nussbaum, M. C. (2019). Sem fins lucrativos. Porque precisa a democracia das humanidades (H. Barros, Trad.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 2010)
O’Brien, D. & Ianni, L. (2022). New forms of distinction: How contemporary cultural elites understand ‘good’ taste. The Sociological Review, 71(1), 201–220. https://doi.org/10.1177/00380261221128144
Pais, J. M., Magalhães, P., & Antunes, M. L. (Eds.). (2022). Práticas culturais dos portugueses. Imprensa de Ciências Sociais.
Pais, J. M. (2022). Práticas culturais e clivagens sociais. Práticas culturais dos portugueses. In J. M. Pais, P. Magalhães, & M. L. Antunes (Eds.), Práticas culturais dos portugueses (pp. 311–351). Imprensa de Ciências Sociais.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 42/2019, de 21 de fevereiro. (2019). Diário da República n.º 37/2019, Série I, 1390–1393. https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/resolucao-conselho-ministros/42-2019-119975746
Sá, N. R. C. (2024). Tendências de consumo literário: O papel do booktok na promoção da efetividade da leitura entre os jovens [Dissertação de mestrado, Universidade do Minho]. RepositóriUM. https://hdl.handle.net/1822/94481
Santos, M. L. L. (Ed.). (1998). As políticas culturais em Portugal. Relatório nacional: programa europeu de avaliação das políticas culturais nacionais. Observatório das Atividades Culturais.
Vargas, C. (2022). Governação da cultura. Edições Humus.
Villarroya, A. A. (2010). Cultura mediada, diversidade e estratificação social: Para uma sociologia das práticas culturais em Espanha. In M. L. L. Santos & J. M. Pais (Eds.), Novos trilhos culturais. Práticas e políticas (pp. 193–215). Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Xavier, J. B. (2016). A cultura na vida de todos os dias. Porto Editora.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Cátia Cardoso

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.