As Vozes das Mulheres que Falam ao Nosso Morro: A Arte Como Ativadora de Memórias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.6539

Palavras-chave:

memória, arte-educação, território, Monte Serrat, vozes femininas

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre a potência da arte como ativadora de memórias no contexto da comunidade do Monte Serrat, em Florianópolis (Santa Catarina, Brasil), a partir da experiência pedagógica vivida na Marista Escola Social Lúcia Mayvorne. O estudo parte da escuta sensível das vozes de mulheres da comunidade — mães, avós, educadoras, artistas — que constroem e mantêm viva a memória coletiva do território. A investigação tem como foco o projeto interdisciplinar Mama África, desenvolvido com estudantes do terceiro ano do ensino médio, que buscou resgatar histórias silenciadas e valorizar o papel das mulheres na organização comunitária. A partir de referenciais como Paulo Freire (1992) e Célia Xakriabá (2020), o texto discute a centralidade do território na prática educativa, defendendo uma escola comprometida com a escuta, com a oralidade e com os saberes populares. A arte, nesse contexto, é compreendida como linguagem capaz de mobilizar afetos, revelar subjetividades e dar visibilidade a experiências historicamente marginalizadas. Ao valorizar a memória como elemento constitutivo da identidade e da coletividade, o trabalho propõe que a arte contribua para o fortalecimento do pertencimento e da autonomia dos sujeitos. Por meio das práticas desenvolvidas, reafirma-se a importância de uma educação que reconheça o território e as pessoas como corpo vivo e produtor de saberes, construindo relações entre escola e comunidade. A experiência descrita aponta para caminhos pedagógicos que entrelaçam memória, arte e território, e que têm como horizonte uma educação emancipadora, afetiva e transformadora.

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Biografias Autor

Luiza Melo, Centro de Artes, Design e Moda, Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil

Luiza Melo é mestranda no Programa de Pós-Graduação Profissional em Artes, vinculado ao Departamento de Artes Visuais do Centro de Artes, Design e Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, Brasil. Possui licenciatura em Artes Visuais pela mesma instituição. Atua como professora na Marista Escola Social Lúcia Mayvorne, localizada na comunidade do Monte Serrat, em Florianópolis (Santa Catarina, Brasil). Suas produções artísticas e acadêmicas abordam temas como cotidiano, política, trabalho, resistência e educação.

Tharciana Goulart da Silva, Centro de Artes, Design e Moda, Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil

Tharciana Goulart da Silva é doutora (2022) e mestre (2017) em Ensino das Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduada no curso de licenciatura em Artes Visuais da UDESC (2015). É membro dos grupos de pesquisa “Entre Paisagens” (UDESC/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e “Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação” (Universidade de São Paulo/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atua como professora adjunta no Centro de Artes, Design e Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina, no curso de licenciatura em Artes Visuais e no mestrado profissional em Artes (Prof-Artes/UDESC). É coordenadora do subprojeto Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência de Artes Visuais (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/UDESC). Realiza pesquisas sobre processos fotográficos históricos, coleções de professores artistas, a/r/tografia e estágio curricular supervisionado.

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Publicado

2025-11-26

Como Citar

Melo, L., & Silva, T. G. da. (2025). As Vozes das Mulheres que Falam ao Nosso Morro: A Arte Como Ativadora de Memórias. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 12(2), e025018. https://doi.org/10.21814/rlec.6539

Edição

Secção

Artigos temáticos