Corpos Dissonantes e as Lutas Pelo Espaço Urbano: Narrativas em Documentários Internacionais Sobre o Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.3212

Palavras-chave:

cidade, corpos dissonantes, documentários de televisão, marca Rio, megaeventos

Resumo

Um dos imaginários mais sólidos do Brasil diz respeito à perfeição física, representada atualmente na forma dos corpos femininos cisgênero, brancos, magros, que ocupam as praias da zona sul do Rio de Janeiro e assumida como atributo da marca Rio na construção da “cidade olímpica”. Este artigo busca compreender, por meio de uma análise crítica de quatro documentários internacionais de televisão produzidos e exibidos por televisões estrangeiras durante o chamado “período Olímpico”, como os corpos dissonantes a esses imaginários disputam espaços, o direito à cidade e a narrar-se por meio de rompimentos com a marca oficial. Apesar da diversidade cotidiana dos corpos dissonantes, três ganham espaço na mídia internacional: mulheres trans e travestis, analisadas em Gaycation: Brazil de Page e Daniel (2016) e Rio 50 Degrees — Carry on Carioca de Temple (2014); corpos negros e pobres invisibilizados no cotidiano urbano, em Copacabana Palace de Waldron (2014) e pessoas com deficiência que lutam pelo direito à inclusão e à mobilidade em A Bumpy Road to Rio de Fox (2015). Ainda que as representações desses corpos sejam pequenas em relação à ratificação dos imaginários já sólidos dos corpos perfeitos, sua abordagem contribui para dar visibilidade a sujeitos invisibilizados pelo processo de city branding, promovendo um importante questionamento em relação ao achatamento de sujeitos e subjetividades que a estratégia de construção da marca acaba por impor, além de mostrar outras possibilidades de existência, pontos de conflito diversos e de disputas pelo espaço urbano.

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Gotardo, A. T., & Freitas, R. F. (2021). Corpos Dissonantes e as Lutas Pelo Espaço Urbano: Narrativas em Documentários Internacionais Sobre o Rio de Janeiro. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 8(1), 43–60. https://doi.org/10.21814/rlec.3212