À Procura de Histórias Desconhecidas no Museu Nacional de Etnologia em Nampula: Mestres Escultores e Obras
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.6103Palavras-chave:
Museu Nacional de Etnologia, arte maconde, memória, escultoresResumo
Este artigo aborda a trajetória pouco explorada do Museu Nacional de Etnologia de Nampula, em Moçambique, criado em 1956 como museu regional e parte de um projeto colonial de preservação e estudo da cultura material africana, em particular a produção escultórica maconde reunida aquando da sua criação. Inicialmente impulsionado por Adelino Pereira, o Museu enfrentou limitações estruturais, orçamentais e de pessoal. Destaca-se o papel de “antropólogos amadores” e a ausência de critérios museológicos científicos na recolha, documentação e preservação do acervo. Com foco na escultura maconde, a partir do arquivo do Museu e de pesquisa já realizada, este estudo procura resgatar a memória e autoria de mestres escultores como Chibanga Muali, Amisse Chipatela e Matete Mepondala, frequentemente esquecidos ou não identificados nos registos. Esta investigação evidencia as diferentes linguagens artísticas da escultura, bem como temas e estilos resultado quer da criação individual quer das encomendas, em grande parte feitas pelas autoridades coloniais. O texto reflete, ainda, sobre as mudanças ocorridas após a independência de Moçambique em 1975, que reconfiguraram o papel do Museu e das suas coleções, no contexto da construção de uma identidade nacional, mas que ainda não resolveram muitas das limitações do passado.
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