Tecidos da Memória: Entrelaçamentos Entre História de Vida, Práticas de Costura e a Aprendizagem Pela Arte
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.6546Palavras-chave:
costura, história de vida, imigração japonesa, memóriaResumo
A presente pesquisa investigou os possíveis entrelaçamentos entre a história de vida e o saber de um ofício manual, tendo como horizonte a aprendizagem pela arte. A investigação partiu da convivência com Lígia Hatsuko Hayashi, minha avó paterna, imigrante japonesa que chegou ao Brasil na década de 1930 e trabalhou como costureira ao longo de toda a vida. Por meio de encontros em que costurávamos e conversávamos, Lígia compartilhou comigo suas memórias e me ensinou seu ofício: a costura; ativando um processo de transmissão de saberes que articulou aspectos técnicos, sensíveis e culturais. O estudo adotou como principais metodologias a história oral e a autoetnografia, permitindo uma escuta atenta à memória individual como fonte de conhecimento e reflexão. Foram acolhidos documentos pessoais, registros e objetos biográficos como materiais de análise, compondo uma narrativa que dialoga com a história social da imigração japonesa no Brasil. A pesquisa partiu do pressuposto de que a memória individual é parte constituinte da memória coletiva, e que narrativas não hegemônicas, como a de uma mulher velha, estrangeira e pertencente às camadas populares, podem friccionar discursos históricos dominantes e modos de fazer consagrados pelas artes tradicionais. Assim, a costura, compreendida como um saber-fazer popular e feminino, revelou-se um potente campo de criação, afeto e aprendizagem. A partir da pergunta “como posso aprender a ensinar com minha avó?”, o estudo propõe reflexões sobre a transmissão de saberes em processos formativos não escolares e seus desdobramentos para o campo da Arte-Educação, defendendo a valorização de experiências sensíveis, relacionais e ancoradas nas trajetórias de vida como dispositivos poéticos e pedagógicos.
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