O Brasil na TAP. Representações Luso-Brasileiras na Produção Cultural da Companhia Aérea de Bandeira Portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.5416Palavras-chave:
pós-colonialismo, mobilidade, culturas expressivas, discurso, governança, TAP Air PortugalResumo
A combinação de contributos dos estudos pós-coloniais, de património e de mobilidade constitui um prisma privilegiado para análise das metáforas de viagem e encontro. Tal como Paul Gilroy (1993) considerou os navios coloniais unidades culturais e políticas que navegavam nas várias partes do mundo atlântico, também é possível considerar, no presente pós-colonial, que os aviões transatlânticos servem de mediadores nas dimensões culturais e políticas das viagens. Sem dúvida, e durante os seus quase 80 anos de existência, a companhia aérea de bandeira TAP Air Portugal tem vindo a desempenhar um papel fundamental na conexão das comunidades de língua portuguesa dispersas geograficamente, mas ligadas política, económica, cultural e afetivamente. Após os importantes eventos institucionais, e relativamente recentes, como a fundação da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, em 1996, e a Exposição Mundial de Lisboa de 1998, as relações pós-coloniais lusófonas ficaram mais visíveis, tanto internacionalmente quanto internamente. E nas representações de elementos da cultura expressos pela TAP, o Brasil tem tido um papel dominante. Enquadrando o meu trabalho em debates sobre a promoção de memórias sociais e patrimónios culturais, pretendo compreender a maneira como as relações luso-brasileiras têm vindo a ser representadas pela TAP. A nível metodológico, realizo uma análise do discurso, que incide sobre as noções usadas pela TAP (tais como “abraço”, “amizade” e “hospitalidade”); teoricamente, problematizo entendimentos sobre os conceitos de “portugalidade” e “brasilidade” como elementos-chave da ideia de “lusofonia”.
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