A Hibridização do Jornalismo no Engajamento da Causa Climática: Um Estudo de Recepção com Ativistas Brasileiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.5413

Palavras-chave:

jornalismo, jornalismo de comunicação, hibridização, estudo de recepção, mudanças climáticas

Resumo

Recordes de temperatura e eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes no Brasil, sendo a proteção de biomas e, especialmente, da Amazônia um dos pontos centrais nesse debate. Ainda assim, governos e grandes corporações não têm enviado esforços à altura dessas demandas globais. Para reverter a situação, o jornalismo (que, neste artigo, pode ser entendido como jornalismos) coloca-se como um aspecto importante de visibilidade do debate público e, principalmente, como alavancador do engajamento por parte da sociedade civil, apontando causas, responsabilidades e possíveis soluções a fim de encorajar o envolvimento de todos na resolução dos problemas identificados. A partir do olhar de ativistas brasileiros sobre diferentes temas ou causas, este artigo discute as fronteiras do jornalismo e suas novas possíveis configurações híbridas na relação com o engajamento na causa climática. A partir da perspectiva dos estudos culturais, foi realizado um estudo de recepção, no ano de 2022, com a condução de grupos focais online, com ativistas, de 18 até 35 anos, das cinco regiões do Brasil. A categorização das falas, feita a partir da análise de conteúdo, levou em consideração a irrupção de temas recorrentes e sua relação com o aporte teórico. Dentre os resultados de pesquisa, evidenciou-se, na fala dos participantes, uma permeabilidade de fronteiras entre jornalismo e outros gêneros comunicacionais, sendo que os ativistas também instigaram a possibilidade de o jornalismo adotar mais práticas e características de outros gêneros para propiciar mais engajamento em relação às questões climáticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Appelgren, E., & Jönsson, A. M. (2021). Engaging citizens for climate change: Challenges for journalism. Digital Journalism, 9(6), 755–772. https://doi.org/10.1080/21670811.2020.1827965

Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo. Edições 70.

Bueno, W. da C. (2007). Jornalismo ambiental: Explorando além do conceito. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, 15, 33–44. http://dx.doi.org/10.5380/dma.v15i0.11897

Canclini, N. G. (2011). Culturas híbridas: Estratégias para sair e entrar na modernidade (4ª ed.). Editora da Universidade de São Paulo. (Trabalho original publicado em 1997)

Calado, M. A. F. (2012). Metodologia da pesquisa científica na prática. Livro Rápido.

Carvalho, A., Van Wessel, M., & Maeseele, P. (2016). Communication practices and political engagement with climate change: A research agenda. Environmental Communication, 10(1), 37–41. https://doi.org/10.1080/17524032.2016.1241815

Charron, J., & Bonville, J. de. (2016). Natureza e transformação do jornalismo. Insular; FAC.

Covaleski, R. (2010). Publicidade híbrida. Maxi Editora.

Cox, R. (2010). Environmental communication and the public sphere. Sage Publication.

Deloitte. (2021). Deloitte millennial and gen Z survey 2021. https://www2.deloitte.com/be/en/pages/humancapital/articles/millennial-survey-2021.html

Escosteguy, A., & Jacks, N. (2005). Comunicação e recepção. Hacker Editores.

Fearnside, P. M. (2019). Retrocessos sob o Presidente Bolsonaro: Um desafio à sustentabilidade na Amazônia. Sustentabilidade International Science Journal, 1(1), 38–52.

Gatti, B. (2005). Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas. Líber Livro.

Gentilli, V. (2002). O conceito de cidadania, origens históricas e bases conceituais: Os vínculos com a comunicação. Revista Famecos, 9(19), 36–48. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2002.19.3184

Groth, O. (2011). O poder cultural desconhecido: Fundamentos da ciência dos jornais. Vozes.

Hall, S. (2003). Codificação / decodificação. In S. Hall & L. Sovik (Eds.), Da diáspora: Identidades e mediações culturais (pp. 387–404). Editora UFMG; Representação da UNESCO no Brasil. (Trabalho original publicado em 1973)

Hannigan, J. (1995). Sociologia ambiental: A formação de uma perspectiva social. Instituto Piaget.

Hulme, M. (2009). Why we disagree on climate change: Understanding controversy, inaction and opportunity. Cambridge University Press.

ITS-Rio. (2023). Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros — 2022. https://itsrio.org/wp-content/uploads/2023/06/221715_PERCEP%C3%87%C3%83O-SOBRE-QUEIMADAS_R3_15.03.pdf

Kind, L. (2004). Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista, 10(15), 124–138.

Jacks, N. A., Menezes, D., & Piedras, E. (2008). Meios e audiências: A emergência dos estudos de recepção no Brasil. Editora Sulina.

Jensen, K. B., & Rosengren, K. E. (1990). Five traditions in search of the audience. European Journal of Communication, 5(2), 207–238. https://doi.org/10.1177/0267323190005002005

Jenkins, H. (2009). Cultura da convergência. Editora Aleph.

Jorge Filho, J. I. P. (2021). Da imprensa alternativa às redes sociais: Uma análise comparativa entre notícias ficcionais no Pasquim e no Sensacionalista [Tese de doutoramento, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital. https://doi.org/10.11606/T.27.2021.tde-24082021-214118

Laws, N., & Chojnicka, J. (2020). “A future to believe in”: Introducing varieties of advocacy journalism. The examples sustainability and the Sanders campaign. Journalism Studies, 21(9), 1261–1283. https://doi.org/10.1080/1461670X.2020.1742773

Lima, P. (2018). Pensar a identidade do jornalista de dados perante as dinâmicas produtivas e de relações de trabalho. In Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo.

Lévy, P. (2010). Cibercultura. Editora 34.

Loose, E. B., Fante, E. M., Jacobi, C. M., & Thiesen, L. J. (2022). A cobertura climática pode levar à ação? Revista Ciências Humanas, 15(3), 8–21. https://doi.org/10.32813/2179-1120.2022.v15.n3.a923

Loose, E. B. (2021). Jornalismo e mudanças climáticas desde o Sul: Os vínculos do jornalismo não hegemônico com a colonialidade [Tese de doutoramento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Lume. http://hdl.handle.net/10183/220347

Loose, E. B. (2020). Jornalismo e riscos climáticos: Percepções e entendimentos de jornalistas, fontes e leitores. Editora UFPR.

Loose, E. B. (2019). Jornalismo e mudanças climáticas: Panorama das pesquisas da área e ponderações sobre a cobertura de riscos e formas de enfrentamento. ALCEU, 19(38), 107–128. https://doi.org/10.46391/ALCEU.v19.ed38.2019.17

Loose, E. B., & Carvalho, A. (2017). Comunicação e mudanças climáticas: Uma discussão necessária e urgente. Revista Meio Ambiente e Desenvolvimento, 40, 5–9. https:// doi.org/10.5380/dma.v40i0.52077

Machado, A. (2007). Arte e mídia. Zahar.

Mapbiomas Alerta. (2022). Monitor da fiscalização do desmatamento. https://plataforma.alerta.mapbiomas.org/monitor-da-fiscalizacao

Martín-Barbero, J. (2003). Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia. Editora UFRJ. (Trabalho original publicado em 1987)

Moser, S. C. (2010). Communicating climate change: History, challenges, process and future directions. Wiley Interdisciplinary Reviews: Climate Change, 1(1), 31–53. https://doi.org/10.1002/wcc.11

Modefica. (2022). Jornalismo e engajamento climático. https://loja.modefica.com.br/produto/publicacoes/jornalismo-e-engajamento-climatico/

Peruzzo, C. M. K. (2006, 6–9 de setembro). Revisitando os conceitos de comunicação popular, alternativa e comunitária [Apresentação de comunicação]. XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Brasília, Brasil. https://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/116338396152295824641433175392174965949.pdf

Rocha, E. P. G. (2010). Magia e capitalismo: Um estudo antropológico da publicidade. Brasiliense. (Trabalho original publicado em 1985)

Santaella, L. (2003). Da cultura das mídias à cibercultura: O advento do pós-humano. Revista Famecos, 10(22), 23–32. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2003.22.3229

Temer, A. C. R. P. (2015). Fronteiras híbridas: O jornalismo e suas múltiplas delimitações. In A. C. R. P. Temer & M. Santos (Eds.), Fronteiras híbridas do jornalismo (pp. 21–34). Appris.

Torres, C. A., & Gadotti, M. (2018). Educar para a cidadania global e planetária. In M. Gadotti & M. Carnoy (Eds.), Reinventando Freire (pp. 359–371). Instituto Paulo Freire / Lemann Center.

Traquina, N. (2005). Teorias do jornalismo: A tribo jornalística — Uma comunidade interpretativa transnacional. Insular.

Wunderlich, L., Hölzig, S., & Hasebrink, U. (2022). Does journalism still matter? The role of journalistic and non-journalistic sources in young peoples’ news related practices. The International Journal of Press/

Politics, 27(3), 569–588. https://doi.org/10.1177/19401612211072547

Xavier, C., & Pontes, F. S. (2019). As características dos jornais como poder cultural: Releituras da teoria do jornalismo proposta por Otto Groth. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, 42(2), 35–48. https://doi.org/10.1590/1809-5844201922

Publicado

2024-03-27

Como Citar

Jacobi, C., Steigleder, D., Fante, E., & Loose, E. (2024). A Hibridização do Jornalismo no Engajamento da Causa Climática: Um Estudo de Recepção com Ativistas Brasileiros. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 11(1), e024002. https://doi.org/10.21814/rlec.5413