Novas festas profanas em Espanha
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.2366Palavras-chave:
Etnohistória, rituais festivos, Franquismo, Espanha, religiosidadeResumo
A sociedade espanhola atravessou uma profunda transformação desde a morte do ditador Franco. Uma das suas manifestações mais relevantes relaciona-se com as festas populares. A rígida moral católica que dominava o espaço festivo, controlado pela censura implacável, deu lugar, com a democratização das instituições políticas, a comportamentos festivos profanos, nos quais a vertente lúdica é central. Este artigo pretende resumir a evolução dos rituais festivos nos últimos oitenta anos, destacando as tendências e influências atuais: secularização, coexistência de modelos formais, intervencionismo institucional, integração no quadro europeu, incorporação das mulheres como protagonistas, dinamismo das associações e exaltação de proezas militares. Neste último ponto, destaca-se a conversão do esquema de luta entre duas fações – que monopolizava as celebrações de Mouros e Cristãos, de raízes medievais e baseadas no triunfo da verdadeira religião – em comemorações cívico-históricas (invasões romana e napoleónica, especialmente) de claro conteúdo profano, e mesmo pagão, como é o caso de recentes e numerosas festas na Galiza.
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