Corpo Estendido Versus Corpo Intercultural: Reflexões Sobre o Uso dos Meios de Comunicação e a Interculturalidade
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.3527Palavras-chave:
meios de comunicação, extensão, interculturalidadeResumo
Esse artigo busca refletir sobre a relação entre a extensão da percepção, prevista pela teoria dos meios de Marshall McLuhan (1964/2016), e a organização de uma sociedade intercultural, baseada nos estudos de autoras como Maria Aparecida Ferrari (2015), Lisette Weissmann (2018) e Natália Ramos (2013). Partindo do conceito de extensão, como afirma McLuhan, de que os meios de comunicação são capazes de ampliar o alcance do próprio sistema nervoso, pretende-se pensar nessa extensão da percepção como uma extensão virtualizada do próprio corpo humano. Tomando essa premissa, busca-se entender quais as consequências desse fenômeno em relação à constituição de uma cultura globalizada. Ou seja, busca-se responder à seguinte questão: basta o corpo ser estendido virtualmente pelos meios digitais para se constituir uma sociedade globalizada e ética, ou seria necessária uma estratégia de comunicação intercultural para que isso ocorra? Dessa forma, parte-se da hipótese de que não basta o corpo estar estendido virtualmente pelos meios de comunicação para se organizar como uma cultura globalizada, mas sim que seria necessária uma estratégia de comunicação intercultural para desenvolver uma cultura globalizada, onde as trocas de informação sejam equilibradas, e para que se desenvolva uma relação ética entre as diferentes culturas. Essa reflexão tem o propósito de evitar que a relação globalizada entre as culturas se transforme em mais uma maneira de imposição de modelos culturais etnocêntricos. Por isso, acredita-se que é preciso desenvolver uma sociedade globalizada que respeite as diferentes culturas, mais do que um corpo expandido pelos meios de comunicação. Dessa forma, torna-se necessário desenvolver um corpo intercultural, para que seja possível resgatar a alteridade da sua falência, bem como, a própria sociedade.
Downloads
Referências
Baitello, N. (2015). (A massa sem corpo), (o corpo sem massa), (a massa sem massa), (o corpo sem corpo. As redes sociais como ambientes de ausência (e fundamentalismos). In M. I. V. de Lopes & M. M. K. Kunsch (Eds.), Comunicação, cultura e mídias sociais (pp. 17–22). ECA-USP.
Dugnani, P. (2018). Globalização e desglobalização: Outro dilema da pós-modernidade. Revista Famecos, 25(2), 1–14. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2018.2.27918 DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2018.2.27918
Ferrari, M. A. (2015). Comunicação intercultural: Perspectivas, dilemas e desafios. In C. P. Moura & M. A. Ferrari (Eds.), Comunicação, interculturalidade e organização: Faces e dimensões da contemporaneidade (pp. 43–63). EDIPUCRS.
Han, B.-C. (2015). Sociedade do cansaço (E. P. Giachini, Trad.). Vozes. (Trabalho original publicado em 2010)
Lipovetsky, G., & Serroy, J. (2015). A estetização do mundo: Viver na era do capitalismo artista (E. Brandão, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 2014)
Mcluhan, M. (2016). Os meios de comunicação como extensões do homem (D. Pignatari, Trad.). Editora Cultrix. (Trabalho original publicado em 1964)
Murdock, G. (2018). Refeudalização revisitada: A destruição da democracia deliberativa. Matrizes, 12(2), 13–31. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v12i2p13-31 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v12i2p13-31
Ramos, N. (2009). Diversidade cultural, educação e comunicação intercultural − Políticas e estratégias de promoção do diálogo intercultural. Revista Educação em Questão, 34(20), 9–32. https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/3941
Ramos, N. (2013). Interculturalidade(s) e mobilidade(s) no espaço europeu: Viver e comunicar entre culturas. In H. Pina, P. Remoaldo, & N. Ramos (Eds.), The overarching issues of the European space (pp. 343–360). Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Rosa, H. (2019). Aceleração: A transformação das estruturas temporais na modernidade (R. H. Silveira, Trad.). Editora Unesp. (Trabalho original publicado em 2005)
Santos, M. (2001). Por uma outra globalização. Record.
Weissmann, L. (2018). Multiculturalidade, transculturalidade, interculturalidade. Construção Psicopedagógica, 26(27), 21–36. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542018000100004
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Patricio Dugnani
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.