O ex-jogador de futebol Arthur Friedenreich em museus da cidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.2655Palavras-chave:
Arthur Friedenreich; Futebol, Museu; MemóriaResumo
Arthur Friedenreich é um dos primeiros ídolos na memória do futebol brasileiro. No que diz respeito à escrita da história deste esporte no Brasil às voltas com os mecanismos da identidade nacional, qual leitura podemos fazer sobre a apresentação do seu principal personagem nas primeiras décadas do século XX? A fim de responder a esta pergunta, o objetivo deste artigo é analisar os escritos e as imagens sobre o ex-jogador Arthur Friedenreich em museus da cidade de São Paulo. Como fontes, utilizou-se o conteúdo de três exposições dessa cidade. Para a análise das imagens fotográficas, baseamo-nos em conceitos de sentido denotativo e conotativo presentes em uma imagem fotográfica e, para textualidades, em uma análise documental. Os resultados revelaram que estas exposições procuraram apresentar o ex-jogador como um dos heróis negros ou mulatos do futebol que, pela competência e mérito no jogo, contribuiu não só para a democratização da modalidade no país, mas também expressou a especificidade do “racismo à brasileira”. Recorrentemente rememorado pelos museus que guardam a memória do futebol brasileiro, a biografia de Friedenreich chama a atenção para o sucesso do primeiro grande ídolo como orgulho étnico e nacional do país, ao mesmo tempo em que revela as ambiguidades da identificação racial no Brasil.
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