Objetificação da música chope no quadro da “Primeira Exposição Colonial Portuguesa” (Porto, 1934)
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.2628Palavras-chave:
exposição, objectificação, música chope, recontextualização, Estado NovoResumo
O processo de objetificação cultural é selectivo, pois, implica a recontextualização de determinados objectos culturais num outro contexto diferente daquele que os gerou, atribuindo-lhes novos sentidos e significados (Handler, 1984, p. 62). No quadro da Primeira Exposição Colonial Portuguesa (Porto, 1934), esta atitude estava relacionada com os discursos de invenção do “outro”, onde as relações entre as sociedades são regidas por certas hierarquias. Mudimbe (2013, pp. 15-16) designa por colonos, aqueles que estabelecem uma região e ditam as regras; os colonizadores, aqueles que exploram um território pelo domínio da maioria local, com uma tendência para organizar e transformar zonas não europeias em construções fundamentalmente europeias. Acrescentaria no fim desta hierarquia, os colonizados, ou seja, aqueles que obedecem. No contexto da exposição colonial do Porto (1934), a música chope foi recontextualizada em Portugal, sendo-lhe atribuídos novos sentidos e significados, tornando-se em símbolo de identidade nacional portuguesa. Portanto, a música chope, durante a exposição colonial do Porto, foi transformada em práticas de rendição e submissão das comunidades moçambicanas, e os seus sentidos e significados foram reduzidos em atos de representação folclórica através de modelos performativos ocidentais e da imposição dos respectivos modelos estéticos e morais, incluindo uma comunicação vertical de cima para baixo.
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Referências
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