A economia moral do turismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rlec.2211

Palavras-chave:

turista global pré-moderno e moderno, experiência turística, compacto turístico moderno, pacotes turísticos, excesso de turismo

Resumo

Neste artigo, sugiro que a indústria do turismo mundial está mobilizada em torno de um núcleo, a atração turística, que está afastada e protegida do intercâmbio económico. Se o turismo é, de facto, a maior indústria do mundo, é por causa e não a despeito da separação da sua principal estrutura motivacional e moral do mercado. Aqui exploro as implicações do facto de que o sistema global de atrações turísticas é uma enorme coleção de “bens gratuitos” democráticos, abertos e disponíveis para todos verem. A indústria do turismo depende desta oferta interminável de atrações de livre acesso, mantidas por governos, ONG e/ou simplesmente existentes na sociedade e na natureza. A indústria do turismo mundial só pode prosperar se a sua estrutura moral e motivacional permanecer isolada das transações do mercado. O Taj Mahal, a Torre Eiffel, o Partenon, o Grand Canyon, a Estátua da Liberdade, as Montanhas Karakorum, etc., não estão à venda. Mais de mil milhões de turistas gastam 1,5 biliões de dólares por ano para viajar internacionalmente e ver coisas que não podem comprar ou ter no sentido material; que ninguém, por mais rico que seja, pode comprar; que muitas vezes nem conseguem tocar. A enormidade do turismo hoje é possível apenas porque as forças causais que estão no coração da economia do turismo são inteiramente imaginárias e simbólicas. Na sua essência, a economia turística é menos económica do que fenomenológica. E o principal impulso do turismo, a sua motivação mais profunda, não é materialista, mas democrática. O overtourism (excesso de turismo) resulta da própria indústria que explora agressivamente o facto de que não implica matérias-primas, não necessita de desenvolver cadeias de fornecimento, não precisa de fábricas e não se envolve em qualquer conceção, fabrico, montagem ou distribuição. O consumidor trabalha de graça, na realidade, paga para fazer o trabalho do turismo e torna-se o produto. Estas eficiências neoliberais levam ao overtourism. O overtourism pode ser facilmente controlado ao nível local.

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Referências

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Publicado

2020-06-29

Como Citar

MacCannell, D. (2020). A economia moral do turismo. Revista Lusófona De Estudos Culturais, 7(1), 21–38. https://doi.org/10.21814/rlec.2211