Chamada de Trabalhos | Vol. 10, N.º 2 | BD Maravilha. Redefinindo o Género nas Narrativas Gráficas Ibero-Americanas| Encerrada
Editoras: Nicoletta Mandolini (CECS, Universidade do Minho, Portugal), Cristina Álvares (CEHUM, Universidade do Minho, Portugal) e María Márquez López (Universidad Rey Juan Carlos, Espanha)
A banda desenhada e os romances gráficos — ou narrativas gráficas, como alguns preferem designá-los — são um meio cada vez mais bem-sucedido em todo o mundo, tanto na popularidade como no reconhecimento crítico. Nos últimos anos, desde o aparecimento e difusão do formato de romance gráfico com o que coincidiu o renascimento da popularidade da banda desenhada, as representações de questões relacionadas com o género e a visibilidade atribuída aos autores não hegemónicos de género aumentaram significativamente. Prova disso é o facto de inúmeras e proeminentes artistas femininas e queer experimentarem o romance gráfico e uma nova vaga de séries de banda desenhada feminista, simbolizada pelo trabalho editorial desenvolvido, entre outros, pela Image Comics. A antiga reputação da banda desenhada como um meio onde o sexismo é generalizado e a discriminação sexual é normalizada tem vindo lentamente a abandonar a nona arte, e até mesmo os gigantes da banda desenhada fazem agora um esforço evidente pela igualdade de género, muitas vezes associado a uma tentativa semelhante de promover outros tipos de inclusividade para evitar representações raciais, classistas e capacitistas. Contudo, há ainda muito a fazer em relação à circulação das representações de BD da autoria de indivíduos não hegemónicos de género e que abordam as questões de género duma perspetiva feminista. De facto, as resistências sociopolíticas levam mesmo à censura no século XXI: é o caso recente de Maia Kobabe com o seu romance gráfico autobiográfico Gender Queer (Género Queer), um dos alvos de uma vaga sem precedentes de proibições de livros escolares nos Estados Unidos da América. Tratando-se de contextos geoculturais onde autores feministas e queer lutam para ganhar reconhecimento crítico, perante o forte cunho heteropatriarcal das estruturas sociais onde as suas obras artísticas ganham vida, a divulgação e o impacto das bandas desenhadas feministas, queer e não heteropatriarcais são ainda mais problemáticas.
A secção temática BD Maravilha. Redefinindo o Género nas Narrativas Gráficas Ibero-Americanas pretende explorar o papel do género na produção, consumo e circulação das narrativas gráficas criadas no contexto Ibero-Americano, um vasto e heterogéneo recipiente de espaços culturais ligados por traços históricos, linguísticos e políticos comuns. Nos países Ibero-Americanos (Espanha, Portugal e América Latina), a banda desenhada (também chamada historietas, quadrinhos ou BD) tem tradicionalmente representado uma parte significativa das produções culturais e dos modos de comunicação. Nos últimos anos, a popularidade das narrativas gráficas atingiu novas proporções nestes países e a emergência de movimentos e teorias feministas avançadas — e, em alguns casos, globalmente bem sucedidas — sobre a questão da discriminação e violência de género, encontraram com frequência no meio cómico um aliado amigável que facilitou a disseminação de mensagens políticas feministas e queer. Esta secção temática é um espaço para dar visibilidade e legitimação crítica à banda desenhada e aos romances gráficos feministas e queer Ibero-Americanos. É também um fórum de discussão detalhada dos pontos fortes e limitações que as caracterizam, tanto na adesão à complexidade das teorizações relacionadas com o género como no seu acesso à divulgação local e transnacional.
Para esta edição especial, convidamos académicos e investigadores a apresentar contribuições (artigos de investigação, entrevistas e recensões) sobre o amplo tema do género e narrativas gráficas produzidas em Espanha, Portugal e América Latina. Os tópicos incluem, mas não estão limitados a:
- perspetivas históricas das mulheres artistas no contexto da produção e circulação de banda desenhada;
- censura, marginalização e invisibilização de banda desenhada e autores feministas e queer;
- narrativas gráficas e de género no universo digital;
- auto/biografias escritas por pessoas do género feminino/queer: será o romance gráfico o formato da liberdade?;
- práticas artivistas sobre questões de género relacionadas com a produção, distribuição e receção de narrativas gráficas;
- autores do género feminino/queer ligados a movimentos de ativistas sociais;
- circulação local e transnacional de narrativas gráficas sobre questões relacionadas com o género;
- feminismo negro e outras interseccionalidades em banda desenhada Ibero-Americana;
- banda desenhada, feminilidade, tecnologia e o corpo: rumo a uma identidade pós-feminina?;
- além do humano: género, espécie e pós-humanismo em banda desenhada;
- banda desenhada, interação entre género e idade: genealogias femininas entre a adolescência, a idade adulta e a idade avançada;
- personagens principais e secundárias mulheres/queer em banda desenhada Ibero-Americana;
- descolonização, democracia, deslocações em banda desenhada Ibero-Americana;
- género, ambição e poder em banda desenhada Ibero-Americana;
- relações transmedia/transgénero/transnacionais nas narrativas gráficas Ibero-Americanas.
DATAS IMPORTANTES
Período de submissão de propostas (manuscrito completo) | nova data: de 2 de janeiro a 31 de março de 2023
Notificação das decisões de aceitação: 7 de junho de 2023
Data-limite para envio da versão original final e da traduzida: 20 de setembro de 2023
Data de publicação da revista: dezembro de 2023
LÍNGUA
Os artigos podem ser submetidos em inglês ou português. Os artigos selecionados para publicação serão traduzidos para português ou inglês, respetivamente, devendo ser publicados integralmente nos dois idiomas.
EDIÇÃO E SUBMISSÃO
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Os originais deverão ser submetidos através do site da revista (https://www.rlec.pt/). Se está a aceder à Revista Lusófona de Estudos Culturais pela primeira vez, deve registar-se para poder submeter o seu artigo (registe-se aqui).
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