Desintegração e repetição: uma análise a partir de William Basinski
DOI:
https://doi.org/10.21814/rlec.305Palavras-chave:
Desintegração, determinismo, entropia, repetição, transcodificação, transduçãoResumo
Partimos da peça musical Disintegration Loops de William Basinski. A obra, com cerca de uma hora de duração, é constituída por um ostinato que se deteriora até ao ruído e, por fim, ao silêncio. Basinski digitalizou o som de velhas bobines de loops feitas por si nos anos 80 para memória em disco; por força do pó e da oxidação, ao serem tocadas no leitor magnético as fitas começaram a degradar-se progressivamente. A reprodução do som, e o esforço para a sua preservação, implicou a sua destruição que, ainda assim, ficou gravada num novo meio. Questionam-se aqui os efeitos das migrações entre meios (analógico/digital) e a tensão entre a cristalização do simbólico pela técnica e a irredutível instabilização entrópica que daí resulta. A estrutura interna da peça acentua a noção de repetição como uma forma também instável e dinâmica que cria algo de novo. Esboça-se então uma crítica ao determinismo e ao automatismo que por vezes revestem a técnica e a tomam como um “círculo perfeito”. O percorrer dessa circunferência, com o desgaste que lhe provoca e com as hesitações e os ritmos humanos, mostra que tal círculo não é perfeito e que a “desintegração” é, afinal, metáfora da natureza humana.
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