Revista Lusófona de Estudos Culturais
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<p>A <em>Revista Lusófona de Estudos Culturais</em> (RLEC)/<em>Lusophone Journal of Cultural Studies</em> (LJCS) é uma revista temática da área dos estudos culturais. Publicada desde 2013 no sistema OJS, esta revista de acesso aberto tem um rigoroso sistema de arbitragem científica e é publicada integralmente em português e em inglês duas vezes por ano (junho e dezembro). De 2013 a 2016 foi publicada pela Universidade do Minho e Aveiro, em conjugação com o Programa Doutoral em Estudos Culturais. Em 2017, passou a ser publicada, exclusivamente, pelo <a href="http://www.cecs.uminho.pt/" target="_blank" rel="noopener">Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade</a>, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O conselho editorial da RLEC integra reputados especialistas dos estudos culturais, de diversos pontos do mundo. </p>Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minhopt-PTRevista Lusófona de Estudos Culturais2184-0458<p>Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license">Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional</a>.</p>O Brasil na TAP. Representações Luso-Brasileiras na Produção Cultural da Companhia Aérea de Bandeira Portuguesa
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<p>A combinação de contributos dos estudos pós-coloniais, de património e de mobilidade constitui um prisma privilegiado para análise das metáforas de viagem e encontro. Tal como Paul Gilroy (1993) considerou os navios coloniais unidades culturais e políticas que navegavam nas várias partes do mundo atlântico, também é possível considerar, no presente pós-colonial, que os aviões transatlânticos servem de mediadores nas dimensões culturais e políticas das viagens. Sem dúvida, e durante os seus quase 80 anos de existência, a companhia aérea de bandeira TAP Air Portugal tem vindo a desempenhar um papel fundamental na conexão das comunidades de língua portuguesa dispersas geograficamente, mas ligadas política, económica, cultural e afetivamente. Após os importantes eventos institucionais, e relativamente recentes, como a fundação da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, em 1996, e a Exposição Mundial de Lisboa de 1998, as relações pós-coloniais lusófonas ficaram mais visíveis, tanto internacionalmente quanto internamente. E nas representações de elementos da cultura expressos pela TAP, o Brasil tem tido um papel dominante. Enquadrando o meu trabalho em debates sobre a promoção de memórias sociais e patrimónios culturais, pretendo compreender a maneira como as relações luso-brasileiras têm vindo a ser representadas pela TAP. A nível metodológico, realizo uma análise do discurso, que incide sobre as noções usadas pela TAP (tais como “abraço”, “amizade” e “hospitalidade”); teoricamente, problematizo entendimentos sobre os conceitos de “portugalidade” e “brasilidade” como elementos-chave da ideia de “lusofonia”.</p>Bart Paul Vanspauwen
Direitos de Autor (c) 2025 Bart Paul Vanspauwen
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2025-01-292025-01-29121e025001e02500110.21814/rlec.5416Manuais Escolares do Primeiro Ciclo no Estado Novo: Representações Culturais, Visuais e Mensagens Ideológicas
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6368
<p>Este artigo analisa as representações culturais presentes nos manuais escolares do ensino primário durante o regime do Estado Novo em Portugal. Explora como a educação foi utilizada como instrumento ideológico para incutir valores sociais e reforçar a governação autoritária da época. Através da análise do conteúdo e da estrutura dos manuais escolares, o estudo identifica temas-chave como o nacionalismo, a disciplina moral e a promoção de papéis tradicionais. A investigação adota uma abordagem qualitativa e histórica, focando-se na relação entre educação e propaganda, para desvendar os mecanismos subtis pelos quais o regime influenciava as mentes mais jovens. Os resultados destacam o papel crucial dos manuais escolares como ferramentas culturais para moldar mentes e manter o controlo social no contexto de um Estado autoritário.</p>Josué DuarteMarta Barreira
Direitos de Autor (c) 2025 Josué Duarte, Marta Barreira
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2025-06-112025-06-11121e025005e02500510.21814/rlec.6368À Procura de Histórias Desconhecidas no Museu Nacional de Etnologia em Nampula: Mestres Escultores e Obras
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6103
<p>Este artigo aborda a trajetória pouco explorada do Museu Nacional de Etnologia de Nampula, em Moçambique, criado em 1956 como museu regional e parte de um projeto colonial de preservação e estudo da cultura material africana, em particular a produção escultórica maconde reunida aquando da sua criação. Inicialmente impulsionado por Adelino Pereira, o Museu enfrentou limitações estruturais, orçamentais e de pessoal. Destaca-se o papel de “antropólogos amadores” e a ausência de critérios museológicos científicos na recolha, documentação e preservação do acervo. Com foco na escultura maconde, a partir do arquivo do Museu e de pesquisa já realizada, este estudo procura resgatar a memória e autoria de mestres escultores como Chibanga Muali, Amisse Chipatela e Matete Mepondala, frequentemente esquecidos ou não identificados nos registos. Esta investigação evidencia as diferentes linguagens artísticas da escultura, bem como temas e estilos resultado quer da criação individual quer das encomendas, em grande parte feitas pelas autoridades coloniais. O texto reflete, ainda, sobre as mudanças ocorridas após a independência de Moçambique em 1975, que reconfiguraram o papel do Museu e das suas coleções, no contexto da construção de uma identidade nacional, mas que ainda não resolveram muitas das limitações do passado.</p>Alda CostaGianfranco Gandolfo
Direitos de Autor (c) 2025 Alda Costa, Gianfranco Gandolfo
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2025-06-132025-06-13121e025006e02500610.21814/rlec.6103Entre os (Muitos) Sentidos de Big Data: A História, a Vigilância, o Controlo e a Criminalização
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6294
<p>Este artigo analisa criticamente a vigilância na era de <em>big data</em>, explorando os múltiplos sentidos que lhe são atribuídos ao longo do tempo e traçando um mapeamento histórico da sua evolução. Sustentado nos estudos da vigilância, examina como estas práticas foram moldadas por dinâmicas sociotécnicas e securitárias, desde os seus primórdios associados à gestão populacional e ao policiamento, até à consolidação de infraestruturas algorítmicas baseadas na dataficação massiva. Ao longo desta trajetória, argumenta-se que, longe de representar uma rutura absoluta, <em>big data</em> reconfigura e amplia mecanismos históricos de controlo, promovendo a fusão entre vigilância em massa e vigilância direcionada. A análise desenvolvida evidencia como as tecnologias de monitorização se inscrevem em narrativas tecno-otimistas que legitimam a sua expansão, enquanto reforçam a coletivização da suspeição e deslocam a lógica da investigação criminal para um modelo preditivo e estatístico. Através do estudo sumário do caso português, discute-se como a adoção de tecnologias reflete uma vontade política de modernização securitária, enquadrada por discursos que apresentam a tecnologia como solução incontornável para a criminalidade. Conclui-se que a vigilância algorítmica não só reestrutura o policiamento e a justiça criminal, mas também levanta desafios éticos e políticos significativos. A crescente opacidade dos processos de decisão automatizados e a sua naturalização no discurso securitário impõem a necessidade de um escrutínio crítico, de modo a evitar que a eficiência tecnológica se torne um princípio incontestado de governação, comprometendo direitos fundamentais e reproduzindo desigualdades estruturais.</p>Laura Neiva
Direitos de Autor (c) 2025 Laura Neiva
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2025-05-202025-05-20121e025002e02500210.21814/rlec.6294Tecnovigilância e Potenciais Discriminatórios: Análise Sobre Propostas de Uso de Tecnologias na Segurança Pública nas 15 Cidades Mais Populosas do Brasil
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6259
<p>Com base em uma análise dos programas governamentais dos atuais prefeitos das 15 cidades mais populosas do Brasil, este artigo, de natureza exploratória e qualitativa, discute a crescente banalização institucional da tecnovigilância na segurança pública no país. O <em>corpus</em> abrange os documentos registrados pelos prefeitos, à época candidatos, no Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2024. Em comparação com um estudo publicado em 2022, verificou-se a ampliação dos dispositivos e tecnologias adotados, bem como a manutenção dos discursos de enfrentamento à criminalidade e garantia da segurança como motivações principais. A análise permitiu relacionar também que a adoção em larga escala das tecnologias digitais por órgãos de segurança, especialmente o reconhecimento facial, ocorre num contexto de ausência regulatória sobre a matéria, e tem como características a ausência de dados estatísticos e a opacidade sobre os seus usos, operações e financiamento. O trabalho identificou ainda que desafios éticos, no tocante à proteção do direito à privacidade da população de um modo geral, e de grupos vulnerabilizados em específico, não são referidos pelos gestores. Este cenário é mais desafiador dado o fato das pessoas negras serem constantemente, conforme casos noticiados, as principais vítimas das injustiças promovidas com base em identificações erradas de tecnologias de reconhecimento facial no país.</p>Paulo Victor Melo
Direitos de Autor (c) 2025 Paulo Victor Melo
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2025-05-202025-05-20121e025003e02500310.21814/rlec.6259“Passaporte, Por Favor!”: Resistência Subversiva no Posto de Controlo
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6264
<p>Entre 2016 e 2017, o artista Mahmoud Obaidi exibiu a sua instalação, Fair Skies (Céus Justos), no Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna, em Doha, no Catar. Na instalação, incluiu uma série de vídeos de animação em stop motion com bonecos de plástico. Os vídeos recriavam um confronto real que o artista viveu ao tentar embarcar num avião no Aeroporto Internacional George Bush, em Houston, Texas, em 2009. A obra critica as restrições de viagem baseadas na perfilação étnica/racial imposta a indivíduos provenientes de países de maioria árabe e/ou muçulmana. Em 2018, Nadia Gohar criou Self Portrait (Passport Photo Do’s & Don’ts) [Autorretrato (O Que Fazer e Não Fazer Numa Foto de Passaporte)], uma peça composta por fotografias que consistia em autorretratos da artista vestindo diversos artigos de roupa, enquadrados no formato de fotos de passaporte. Algumas fotografias mostram Gohar a usar óculos, um hijab branco ou um niqab preto, outras imagens estão superexpostas ou subexpostas. A sua obra é uma reação às restrições impostas aos pedidos de passaporte e cidadania, às fotografias e a como certos elementos culturais ou religiosos dificultam a aprovação. No terceiro exemplo, o artista Khaled Jarrar afirma a soberania palestiniana ao utilizar passaportes e selos postais estampados com símbolos associados à cultura palestiniana. Live and Work in Palestine (Viver e Trabalhar na Palestina; 2009–) usa documentos oficiais de viagem, como o livro de passaporte, como símbolo de resistência contra a ocupação. O passaporte e os postos de controlo aeroportuários servem como espaços/objetos performativos onde os indivíduos devem tanto afirmar como censurar a(s) sua(s) identidade(s), dependendo dos identificadores geográficos e religiosos. Estas obras são analisadas a partir de uma perspetiva crítica, com um tom satírico, que problematiza a prática contínua de perfilação racial, étnica e religiosa conduzida por agências de controlo e segurança fronteiriça, como a Transportation Security Administration (Autoridade de Segurança dos Transportes; TSA), órgão federal do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos. O artigo analisa de que modo cada obra intensifica a perfilação frequentemente exercida e aplicada pelos serviços de segurança aeroportuária, postos de controlo e agências de patrulha fronteiriça, configurando formas de controlo corporal e humilhação. Estas práticas restritivas mantêm-se em vigor — e, por vezes, são mesmo intensificadas — numa era de céus (in)justos.</p>Jenna Altomonte
Direitos de Autor (c) 2025 Jenna Altomonte
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2025-06-252025-06-25121e025007e02500710.21814/rlec.6264Eu te Ouço: Sobre o Conhecimento Humano e a Inteligência Vocal
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6316
<p>Esta entrevista explora a agência incorporada e as dinâmicas em evolução da criação de conhecimento através do envolvimento prático e experimental com sistemas de inteligência artificial (IA) conversacional. Com base na arqueologia dos média, na teoria dos média e nos estudos de ciência e tecnologia, examina-se de que forma o surgimento de interfaces linguísticas desestabiliza as distinções entre utilizador e sistema, colapsando as fronteiras entre modos humanos e artificiais de expressão e compreensão. Enquadrado numa metodologia de investigação artística, o projeto envolve-se criticamente com a transição em curso para formas de inquirição mediadas por máquinas e tecnologias vocais, analisando de que modo essas tecnologias reconfiguram as condições epistémicas, linguísticas e ontológicas do conhecimento e da investigação. Ao afastar-se da interação mediada por teclado, o processo enfatiza o desligamento do corpo da interface máquina e a crescente fluidez da correspondência entre humano e computador através da tecnologia vocal. Reconhecendo a crescente incerteza quanto à origem e autonomia decorrentes desta transformação tecnológica, a investigação destaca a autoria indeterminada tanto como desafio metodológico como eixo teórico, sublinhando as implicações para a responsabilidade académica e a ética dos dados. A experimentação prática é utilizada como ferramenta para rastrear os vetores infraestruturais, afetivos e retóricos através dos quais o discurso automatizado inteligente influencia a produção de conhecimento. Ao examinar este processo, o estudo contribui para os debates em curso sobre verificação, confiança e negociação social da informação induzidos por agentes avançados de IA conversacional. Em termos gerais, o artigo sustenta que as tecnologias vocais não se limitam a transmitir conteúdo, mas configuram ativamente as condições sob as quais o conhecimento é produzido, autenticado e circulado.</p>Moana Ava Holenstein
Direitos de Autor (c) 2025 Moana Ava Holenstein
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2025-06-302025-06-30121e025008e02500810.21814/rlec.6316Being Undetectable (2016): O Direito a Momentaneamente Não Existir
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<p>Resenha da obra <em>Being Undetectable.</em></p>Ana Carvalho
Direitos de Autor (c) 2025 Ana Carvalho
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2025-05-272025-05-27121e025004e02500410.21814/rlec.6548Vigilância com, Para Além e Contra o Corpo Biométrico
https://rlec.pt/index.php/rlec/article/view/6654
Ece CanlıPedro J. S. Vieira de Oliveira
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2025-06-302025-06-30121e025009e02500910.21814/rlec.6654